domingo, 31 de julho de 2011

Porque os jovens de hoje acham que têm exclusividade à felicidade?



             Quando observamos os jovens de hoje percebo uma geração despreparada para a vida. Não estou dizendo despreparada de "aprendizagens" e/ou de "habilidades", mas despreparada para enfrentar as dificuldades e os problemas.  Usam com destreza as tecnologias, mas não sabem usar de bom senso nas relações humanas, não sabem lidar com as frustrações. Muitos viajam pelo mundo, mas desconhecem a fragilidade e brevidade da vida. Estudaram em boas escolas, falam línguas, têm acesso à cultura, pertencem a uma geração que teve muito mais do que seus pais, mas cresceram com a ilusão de que a vida é fácil, nasceram prontos e com direitos indiscutíveis. Pensam que nasceram com direito inabalável para serem felizes!

           Mas eles precisam aprender que a vida fora de casa, principalmente, o mercado de trabalho, não é uma continuação de suas casas, com pai e mãe complacentes, que tudo concede, todavia  a vida tem seus stress, seus problemas e suas dificuldades. Precisam aprender a ser ADULTOS. A vida é uma construção, devemos construir o nosso espaço e criar nosso legado, pois para isso é preciso ralar muito, ter ética e honestidade, amor e humildade, e não a cotoveladas ou aos gritos. 

           Por que boa parte da nova geração de hoje não gosta de ser questionada, acham (e tem a ilusão) que a felicidade é seu direito. 


         Tenho visto a angústia de muitos pais que pensam que os filhos TÊM que ser “felizes”, fazem malabarismos para dar tudo aos filhos, protegê-los de tudo, nunca dizem NÃO. Estão criando alguns ditadores egoístas, sem nenhuma responsabilidade com o outro.  Os filhos da classe média desprezam o esforço, o respeito, o partilha e o amor. Acham lindo não estudar, passar a noite na balada e ser aprovado no vestibular de Medicina porque seu pai tem dinheiro e quer que ele seja feliz. Para eles, esforçar-se é coisa para os filhos dos pobres, da classe C e D, que ainda precisam assegurar-se na vida. Eles não podem sofrer, são livres para fazerem o que bem entenderem sem levar em conta ninguém. Não sabem viver sem  limitações e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer. Para muitos jovens hoje a felicidade é um imperativo.

          E AGORA JOSÉ?

          Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem e os pais TEM A OBRIGAÇÃO DE GARANTIR ESSE DIREITO, como vão lidar com o sofrimento, o medo e as dúvidas? Como ensinar aos filhos que na vida existem valores, limites, obrigações e deveres; que a vida não é feita somente de bens materiais?

Criar filhos não é tarefa fácil. Nem sempre acertamos, mas  devemos deixar que nossos filhos vivam as boas coisas e encarem  as dificuldades da vida. Crescer doí. Viver doí. A vida é bela! Mas é luta, é trabalho, é crescimento, é aprendizagem, porque como disse Elke Maravilha: "Não devemos levar a vida a sério demais, mas devemos vivê-la bem e corretamente com humildade de FÉ em Deus, porque não vamos sair vivos dela!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O TEMPO...





O tempo deveria ser o nosso maior aliado, mas descobrimos que não é. Ontem, éramos crianças cheias de esperanças, sonhos e planos de vida, hoje, estamos no entardecer de nosso tempo. Como ele passa depressa!
Descobri que o tempo tudo cura, tudo digere e tudo  faz  passar e se torna uma vaga lembrança do que vivemos. Já vivi quase 80% do meu tempo e quero fazer dele meu aliado, minha coluna, minha sustentação.Todas as pessoas que já passaram por mim, todas os sentimentos que senti, todos os encantos e desencantos de minha vida, começaram num determinado ponto e percorreram uma linha que  me circundou e me ajudou a ser quem eu sou.
A vida girou, colheu e recolheu tudo de bom e de ruim. Colheu minha família, meus amigos e meus conhecidos, entre outras coisas.E nesta colheita de amor e desamor me fez enxergar minha vida de  menina que se tornou velha.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

E agora?




Ceticismo, assombro!
Coisas inacreditáveis
À tona estão vindo.
Filho matando pai,
Mãe matando filha,
Governo enganando o povo,
Irmão contra irmão.

Espanto, miséria!
Dores humanas ...
Enganos, roubos,
Povo sem educação e saúde...
Políticos espertos demais,
Povo por demais alienado,
Demais estão na insensatez.

Burrice, tiro no pé...
Indignar? Sofrer?
O que fazer?
Violência demais,
Insensibilidade demais,
Egoismo demais,
Alienação demais,

O mundo é assim?
Assim é a vida?
Onde está a responsabilidade?
Onde está a solidariedade?
Onde está a segurança?
Omissos estamos a andar...
Pai, mãe, educador.

Começo a ter medo
E agora?


Vera da  Mata
4 de julho de 2011

quinta-feira, 30 de junho de 2011

QUEBRA-CABEÇA



Sou quebra-cabeça de mim mesma.
Sou pedaço, sou inteira.
Sou mistério, sou humana.
Minha voz secreta grita,
Grita para meu coração:
"Quem é você?

Sou quebra-cabeça de mim mesma.
Sou pedaço de alegria, sou pedaço de tristeza,
Sou coração de terra boa, sou amor.
Mas o grito que grita em mim pergunta:
"Quem é você?

Sou quebra-cabeça de mim mesma.
Quero ser ternura, ser perdão,
Ser humildade, ser retidão.
Mas a imperfeição que em mim reina, pergunta:
"Quem é voce?

Sou quebra-cabeça de mim mesma.
Sou ilusão, sou solidão,
Quero que a prudência cure meu eu,
Quero que o amor dignifique a minha alma,
Fortalece-me, Senhor!
Quero ser inteira,
E compor meu quebra-cabeça.

Vera da Mata
João Monlevade, 15 de junho de 2011


segunda-feira, 6 de junho de 2011

PARA MEU PAI!



Tu que dormes, oh meu pai!
Dormes nas sombras dos meus olhos,
Dormes na lembrança do meu sonho!
Estás longe da luta.
Estás longa da dor.
Estás longe da ilusão.

Queria tando que voltasses,
acordasses...
Deste teu semblante sereno.
Escutas! Te chamo!
Tuas canções estão tocando,
Os pássaros estão voando.
Os raios de sol ainda brilham.
Só o brilho do teu olhar verde
Estão apagados para sempre.

Pai! a noite pesa e me esmaga,
Sinto muita a tua ausência!
Sinto saudade e dor!

VC, 6/5/2011
Vera da Mata

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O GOSTO DE MEUS OLHOS



Meus olhos gostam do tempo,
Gostam do sol que brilha,
Gostam da chuva que cai devagar,
Gostam da sombra da noite,
Gostam do amanhecer do novo dia.
Gostam da esperança no seu olhar.

Meus olhos gostam da nuvem branca
Que viaja pelo céu azul
Em forma de bichos e plantas.
Gostam do som da cachoeira
Que geme copiosa na fonte,
Sobre pedras brancas e lisas.

Meus olhos gostam de cores fortes,
Gostam de flores perfumadas,
Gostam do verde das florestas,
Gostam das cores dos pássaros.
Gostam do sussurrar da brisa.
Gostam das estrelas, dos céus,
Do mar, da terra e dos bichos.

Meus olhos gostam dos sonhos,
Gostam das folhas murmurando ao sabor do vento.
Gostam das brincadeiras dos gatinhos na relva verde.
Gostam da flor que desabrocha no jardim.
Gostam da voz melodiosa dos amores.
Gostam da vontade inerente dos poetas.
Gostam da sinceridade das crianças.
Gostam do vôo raso do gavião.

Meus olhos estão quase extasiados de ver:
As crianças, os jovens na sua procura pela vida,
Nas veredas das estradas a correr.
Vi muita tristeza também.
Amei o amor, a inocência,
As flores e as justiças.


Hoje na velhice prudente - manias tenho,
Da juventude - só lembranças,
Da terra – só a beleza e dor,
Dos amigos – saudades.
Dos irmãos e irmãs - sinto falta.
Da vida – apenas medo e aflição.

BRUMADO, 3 DE JUNHO DE 2001

VERA DA MATA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

JÁ OUVIU FALAR EM NÍSIA FLORESTA?



Então leia o texto abaixo de uma redação que escrevi em 2006 para um concurso de redação do "Jornal Correio Braziliense" de Brasilía da Fundação Assis Cahteaubriant.
LEIA...

Nome: Vera Lúcia da Mata Lula
Escola: Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Cidade: Brumado - BA
Categoria : Ensino Universitário
Classificação : 3º lugar

NÍSIA FLORESTA: uma brasileira à frente de seu tempo

              As mulheres desde a idade média foram sinônimo de pecado, fraqueza, luxúria e devassidão. Eram consideradas, por teorias criadas por homens, seres sem alma, inferiores, que deveriam ter uma posição subalterna, de obediência e de inferioridade. Os filósofos cristãos chegaram a considerá-las um "ato acidental" de Deus, tamanha era a sua aversão às mulheres. Mas a Igreja, precisando de fiéis, começa a querer arrebanhá-las, para isso cria a visão de santificação da maternidade, na figura de Maria. E para que elas alcançassem a salvação era preciso• que elas se penitenciassem, transcendessem a podridão da matéria através do sofrimento. Por isso a sexualidade feminina passa a ser escandalosa e os mitos começam a crescer. Por ser escandaloso aludir à sexualidade feminina, a higiene e a medicina feminina se perdem. O funcionamento da corpo da mulher, então, transforma-se num mistério para os homens e para elas mesmas. À mulher não era permitido ver seu corpo por inteiro, muito menos seu órgão genital.
           É nessa situação da mulher do século XIX que surge a cidadã universal DIONISIA GONÇALVES PINTO, mas tarde conhecida como Nísia Floresta Brasileira Augusta, uma potiguar a frente de seu tempo. Nasceu em 1810 em Papari, Rio Grande do Norte. Seu pai era advogado e isso, provavelmente, fez dela uma mulher de mente aberta e uma cidadã consciente de sua função na sociedade da época. Educadora e pioneira do feminismo brasileiro.
            Foi a primeira mulher no Brasil a romper os limites entre os espaços público e privado publicando textos em jornais, numa época em que a imprensa nacional começava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos.
O primeiro livro escrito por ela e o primeiro no Brasil a tratar dos direitos femininos à instrução e ao trabalho intitula-se: "Direitos das mulheres e injustiça dos homens", e foi inspirado no livro da feminista inglesa Mary Wollstonecraft: Vindications of the Rights of Woman. Mas Nísia não fez uma simples tradução, ela se utiliza do texto da inglesa e introduz suas próprias reflexões sobre a realidade brasileira.
              Foi com esse livro que ela recebeu o título de precursora do feminismo no Brasil e na América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções. Mas ela não parou por ai. Em outros livros continuou destacando a importância da educação da mulher e da sociedade. São eles: Conselhos a minha filha, de 1842; Opúsculo humanitário, de 1853; A Mulher, de 1859.
                O pseudônimo escolhido revela sua personalidade e opções existenciais: Nísia, diminutivo de Dionísia; Floresta, para lembrar o sítio Floresta; Brasileira, como afirmação do sentimento nativista; e, Augusta, uma homenagem ao companheiro Manuel Augusto. Em 1828, Nísia Floresta já separada do primeiro casamento feito aos 13 anos, vai morar com um acadêmico da Faculdade de Direito, Manuel Augusto de Faria Rocha, de Goiana e com ele ela tem uma filha: Lívia Augusta de Faria Rocha, companheira das viagens pela Europa e sua futura tradutora, um segundo filho que nasce morto em 1832 e teve um terceiro filho-homem, algum tempo depois.
              Neste mesmo ano Manuel Augusto conclui o bacharelado em Direito e transfere-se com Nísia, a filha Lívia, a mãe e as irmãs de Nísia, Clara e Izabel, para Porto Alegre (RS).  Volta para Pernanbuco e se dedica a um jornal dedicado às senhoras pernambucanas do tipógrafo francês Adolphe Emille de Bois Garin, começa aí a escritora. Durante trinta números do jornal (de fevereiro a abril), Nísia colabora com artigos que tratam da condição feminina em diversas culturas, com conselhos, depoimentos e criticas ao tratamento que as mulheres tinham dos homens.
               Em 1833 seu marido Manuel Augusto morre repentinamente, aos vinte e cinco anos, deixando-a com os dois filhos pequenos. A dor por esta morte prematura e as saudades de mulher apaixonada refletirão em seus escritos, como um testemunho a fidelidade ao companheiro morto. Nísia decide permanecer em Porto Alegre, dedicando-se, sobretudo, aos filhos e ao magistério.
               Em 1837 novamente no sul, Revolução Farroupilha, o clima na capital gaúcha fica tenso e difícil para uma mulher, chefe de uma família composta por crianças e outras mulheres. E Nísia Floresta transfere-se para o Rio de Janeiro. No ano seguinte estampa no Jornal do Comércio um anúncio do estabelecimento de ensino que estava inaugurando, o "Colégio Augusto", em homenagem ao companheiro desaparecido.
               Em 1846 é publicado no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, a lista das alunas que receberam menções honrosas do Colégio Augusto e a relação dos examinadores em diversas disciplinas. O nome de Lívia Augusta de Faria aparece como uma das premiadas em latinidade. No mesmo dia, em outra coluna, temos o testemunho de um dos examinadores elogiando as alunas e a diretora, Nísia Floresta. Mas as perseguições começam, anonimamente, no Jornal do Comércio, criticas severas sobre as propostas educacionais avançadas e inadequadas às meninas.
                No entanto a sua atuação não foi só a favor das mulheres. Em 1849, publica Primeira edição de "A Lágrima de um Caeté", sob o pseudônimo de Telesilla. O poema de 712 versos trata do processo de degradação do índio brasileiro colonizado pelo homem branco e do drama vivido pelos liberais durante a Revolução Praieira, reprimida em Pernambuco em fevereiro deste mesmo ano.
              Em 1849, dia 7 de setembro, Lívia sofre um acidente ao cair de um cavalo e o médico, após semanas de tratamento, aconselha mudança de ares. Nísia Floresta resolve, então, ir para a Europa com os dois filhos, o que faz em 2 de novembro a bordo da galera francesa Ville de Paris. Para muitos, a saúde da filha foi apenas o pretexto para ela se ausentar do país. Com efeito, a campanha difamatória nos jornais e o sucesso do livro elogiando os liberais eram motivos suficientes para a escritora se sentir pouco à vontade na Corte.
               Apesar de a autora estar residindo em Paris, é publicado em Niterói um romance histórico "Dedicação de uma amiga",  1850,  livro considerado o primeiro romance escrito por uma norte-rio-grandense, segundo os historiadores. Nísia Floresta assiste as conferências do Curso de História Geral da Humanidade, ministradas por Auguste Comte. Veio a se tornar uma grande amiga deste pensador positivista, inclusive o recebendo em sua casa em Paris.
              Mas ela não pára e publica em 1853, Opúsculo Humanitário, sobre a educação da mulher, nele a autora combate o preconceito e condena os erros seculares da formação educacional da mulher, não só no Brasil como em diversos países.
              Em 1856 Nísia Floresta segue para a segunda viagem à Europa. Augusto Américo permanece no Rio, estudando. Só após dezesseis anos tornará a ver a paisagem carioca de que tanto gostava, bem como os parentes que ficavam no cais. O Colégio Augusto anuncia pela última vez seus cursos e, após dezoito anos de funcionamento, fecha definitivamente suas portas.Pressionada pela família em 1871 e desgostosa com os conflitos da Comuna em Paris, Nísia vende seus pertences em Paris e volta ao Rio de Janeiro. Lívia não a acompanha e permanece na Europa. Em 1872, a Revista O Novo Mundo, de J. C. Rodrigues, de New York, traz uma extensa notícia biográfica da autora acompanhada de um retrato, que contribui para torná-Ia ainda mais conhecida. Em 1872, após dezesseis anos no exterior, Nísia desembarca do vapor inglês "Neva", no Rio de Janeiro. Fica pouco aqui em sua terra, pois pouco mais de dois anos Nísia Floresta retoma à Europa.
                 Morre em 1885, 24 de abril, numa quarta-feira de muita chuva, às nove horas da noite, Nísia Floresta Brasileira Augusta morre vitimada por uma pneumonia. Dias depois, é enterrada num jazigo perpétuo no Cemitério de Bonsecours. Em 1888 - o Centro do Apostolado do Brasil publica Sete Cartas Inéditas de Auguste Comte a Nísia Floresta, no Rio de Janeiro. Mulher preocupada com os problemas políticos e sociais de sua época refletidos em seus textos sobre o modo de vida, a história e as manifestações culturais da vida das mulheres, dos índios e dos negros.
                 Nas palavras de Câmara Cascudo, Nísia Floresta era "a grande ave de arribação, cujas asas não cabiam nos limites do ninho..." (A República, Natal, 17/01/1940).
                  Mas em 1933, no Rio de Janeiro, Roberto Seidl publica o opúsculo: Nísia Floresta 1810/1885- A vida e a obra de uma grande educadora, precursora do abolicionismo, da República e da emancipação da mulher no Brasil. Em 1953, através da lei n° 1892, de 23 de junho de 1953, o governo brasileiro fica autorizado a fazer a trasladação de seus restos mortais para o Brasil. Desde 1954, 12 de setembro, os restos mortais descansam em Papari que, aliás, já se chamava Nísia Floresta. Desde então, Nísia repousa no mausoléu construído em sua homenagem, próximo do local da antiga residência do sítio Floresta.




COMO É BOM TER IRMÃOS!

            Dizem que amigos nós escolhemos, mas os parentes nos foram dado por Deus. E é nesta premissa que acredito. Sou a mais velha de onze irmãos e os vi nascer e crescer, isso tornou a nossa família, para mim, um “tesouro imensurável”. Acho que eles nunca entenderam este amor!
           Quando éramos crianças, nossos pais, por vezes, não entendiam e nem aceitavam lá em casa as brigas entre irmãos. Só quando amadurecemos que compreendemos que isso era um forte canal com grandes potencialidades educacionais na família. Ás vezes, os pais temem em resolver todas as dificuldades dos filhos durante esses conflitos, mas se esquecem que a briga é natural. Isso era bom para nós, para os irmãos era fonte de aprendizagens e preparo para a vida, ajudando a cada um a aprender a resolver os problemas no mundo lá fora.
         Tenho seis irmãos homens. Certa vez houve uma briga no quarto entre eles e os três mais velhos, quase mataram os dois mais novos. Vou contar-lhes:
Havia um programa de televisão chamado “Telequete”, onde os participantes praticavam luta livre e um, entre os lutadores, se destacava como herói de meus irmãos mais velhos: Henrique, Anchieta e Luiz - Ted Boy Marino. Quando terminava o programa e que eles iam dormir, antes, resolviam praticar a luta no quarto e pegavam os mais novos. Resultado: eles apanhavam, Armindinho, Cláudio e Rui. Certa vez, Rui bateu a cabeça na parede e quase desmaiou. Minha mãe descobriu o que acontecia e proibiu a TV.Mas os pais precisam ter paciência para com esse tipo de situação. Na verdade os irmãos aprendem muito um com o outro. Embora muitas vezes eles recorriam à intermediação de minha mãe, na grande maioria da vezes, o mais eficaz era que eles próprios resolvesses seus conflitos. Aprendiam muito uns com os outros. As brigas eram constantes, natural. Isso ajudou na convivência e no enfretamento de dificuldades. Mas eles não só brigavam, se divertiam, disputavam no futebol, nadavam quase a tarde toda na piscina do Social Clube, brincavam muito,
           Numa família numerosa como a nossa, problemas eram normais. Eram onze filhos e todos diferentes uns dos outros. Quando eu tinha dezesseis anos comecei a dar aulas no bairro Jacuí em Monlevade, aos dezessete fiz teste para a Belgo Mineira, hoje Arcelor Mittal e comecei a trabalhar como secretária para ajudar meus pais. Eu quase não ficava mais em casa, saia às 7 horas da manhã e voltava às 22,30 horas depois da escola noturna, onde eu terminava o curso de magistério, Colégio Kennedy. Mas continuava a ajudar a minha mãe na educação de meus irmãos, pois nos intervalos que chegava em casa, minha mãe me dizia quem havia feito “o quê” e lá ia eu chamar a atenção e conversar com meus irmãos.Aos sábados era uma diversão! Eu estava encarregada de dar banho nos seis. Levava-os para o banheiro, enfileirava todos, o primeiro era ensaboado, passava para debaixo do chuveiro e próximo se aproximava. Era muito bom!
Tudo aconteceu foi normal e importante. Os meninos brincavam muito e nossos pais não proibiam as brincadeiras. Meu pai era rigoroso? Era. Mas numa família com tantas crianças acho que ele não encontraria outro caminho a seguir. Fomos criados debaixo de muita disciplina, respeito, honestidade, religião e simplicidade.
           À noite, “os seis” brincavam na Vila Tanque de pique de esconder, polícia e ladrão, de bola e aprontavam. Certa vez Rui fugindo da “polícia” caiu no muro lá de casa e quebrou o braço, fratura exposta, teve que ser operado e levou parafuso no braço. Todos os meus irmãos, acho, eram muito agarrados comigo. E aos vinte anos me casei e Rui foi morar comigo no bairro Satélite. Eu dava aulas na Escola do bairro e ele foi para me fazer companhia. Morou comigo um ano, no final do ano de 1971, meu pai não deixou mais porque ele não queria mais ir lá para casa. E os outros? “Fugiam”. Iam lá para casa ficar comigo a tarde toda. Tempo bom aquele! Porque descobri que não é só importante termos irmãos, mas sermos irmãos de verdade uns dos outros, apesar da distância geográfica e do tempo.
          Problemas? Existiam. Traumas? Temos muitos. Mas que família não os tem?
Nossa mãe sempre foi fantástica! Cuidava desta prole grande, além de parir quase todo ano. Não me lembro de ter comido, nem uma vez nesta vida, arroz com feijão puro, pois ela sempre preparava algo diferente para nós, nem que fosse samambaia do mato ou maria-nica.
            Hoje percebo a vantagem da família grande! É muito bom!... Pois entre nós, os filhos, aprendíamos a nos desdobrar em esquemas de ajuda domésticas, que desenvolveram o nosso sentido de cooperação. As atividades eram repartidas e os encargos familiares ficavam menos pesados. Isso nos ensinou a ter responsabilidades, fomos ensinados com isso a sermos generosos com os demais membros da família e com os outros de fora, pelo exemplo de nossos pais, aprendemos a caridade e o acolhimento dos outros. Aprendemos a nos sentirmos úteis e laboriosos. Nosso pai marcava hora para começar a arrumar a cozinha, por exemplo, e hora de terminar e tínhamos que fazer e bem, senão nossa mãe chamava para fazer de novo. E aí parávamos a brincadeira que estávamos fazendo no quintal de nossa casa na Rua Tabajaras e fazer tudo de novo. Era divertido.
           Nas brincadeiras crescemos e nos protegíamos. Aprendemos a compartilhar e a valorizar os poucos brinquedos que ganhávamos, as roupas e o espaço, pois os recursos eram poucos e tinham que ser divididos. Eu me tornei muito autônoma e adaptável ao mundo. Não há nada na vida que substitua um irmão, nem mesmo a oportunidade de ser rico, estudar em uma faculdade particular, entre outras coisas.
Descobri na luta diária pela vida, que todas as arestas rugosas de nossa personalidade, nossos irmão as poliram, pelo simples fato de existirem e de tornarem a nossa vida uma pequena amostra do que encontraríamos como adultos e nos tornamos, em aspecto positivos e negativos, a panela efervescente da vida, borbulha alegria e prazer e o “fazer” valeu a pena.
              Há quem não entenda os irmãos! Será porque, quando amadurecem, apesar dos anos anteriores de entrevero, os irmãos se afastam, não se entendem e não se respeitam tanto. Não seria, também, por falta de reconhecimento das diferenças? Não seria por falta de aceitar os outros como são? Pois se chegamos a crescer juntos como seres humanos e a desenvolver virtudes quando crianças, será que não temos que ser muito gratos aos nossos irmãos? Qualquer que tenha sido a diferença de idades em relação à nossa, fomos protagonistas indispensáveis em nossa formação, em nossa vida.
Lendo certa vez o livro: "Mulheres que Correm com os Lobos", Clarissa Pinkola, observei que algo me chamou a atenção: "Dizem que tudo o que buscamos, também nos busca e, se ficarmos quietos, o que buscamos nos encontrará. É algo que leva muito tempo esperando por nós. Enquanto não chega, nada faças. Descansa. Tu verás o que acontece enquanto isto.” Amo demais vocês, meus irmãos.

VERA DA MATA

VC, 26/05/2011

GENTE... EU VI!





O sol nascer e a lua chegar,
Vi tantas coisas que ainda sei...

Eu vi a guerra fria.
A guerra do Vietnã.
A morte de Kennedy.
A revolução de 64
E os generais tomarem conta do Brasil.
O fim dos Beatles,
A morte de John Lennon.

Vi também a prisão de Mandela
E o fim do apartheid.
O preconceito racial
E a morte de Martin Luther King.
Mas ainda vi o fim do comunismo,
E a queda do muro de Berlin,
Vi tsunamis, terremotos,
Enchentes, secas  e mortes.

Mas o que melhor vi:
A chuva na montanha.
Vi o olhar de minha mãe!
A caminhada de meu pai!
O nascimento de meus irmãos
E a chegada de meus filhos.

Vi o rio que corre sem parar.
O bater das ondas do mar.
O coaxar dos sapos.
O vôo dos pássaros.
As brincadeiras de meus netos
E o brilho do seu olhar!

VERA DA MATA
VC, 26/5/2011

domingo, 29 de maio de 2011

ESPELHO DE MIM MESMA



Sou espelho de mim mesma!
E meu eu reflete no espelho.

O espelho me reflete!
Meus olhos são estranhos
Estão distantes!...
Não são mais os mesmos.
No espelho eles são corajosos
E esparançosos.
Fora do espelho são medrosos
E solitários.

Ninguém vê a sua tristeza!
Ninguém vê sua dor!
Somente o espelho os veem...
Quando do espelho eu me afasto,
Lá ficaram os olhos lá refletidos,
Cá ... a dor de sua imagem!

Guardo meu olhar de criança,
de adolescente e de adulta,
guardo o olhar de mim mesma.
Guardo o tempo
E o vento que por mim passaram.
Guardo a imagem apagada de mim mesma!

Espelho, espelho meu!
Em que estrela foi parar os olhos meus?

Vera da Mata

VC, 05/05/2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

AMOR...


Amar e ser amado!
Eis a questão!
Amar é anelo do belo,
É sonho da cor,
É ardente esperança
De felicidade.

É noite acordada em desvelo,
É brasa abrasadora,
É fogo do pensamento.
É sentir sob o alento
Desejo e sonho!

É mirar na alma de alguém!
É sentimento puro,
Que nos invade...
Para sempre...
Sem pedir licença.

Vera da Mata

18 de maio de 2011

AONDE VAI PARAR A HUMANIDADE?



Aberrações morais e políticas. Individualismos. Guerras. Ganâncias. Terror. Violência extrema e desnecessária. Dor e morte. Desmatamentos.
A humanidade perdeu o rumo, o bom senso, o caminho. A busca dos prazeres e dinheiro levou o homem moderno a viver em excessos na busca de satisfação pessoal. As pessoas estão perdendo o momento presente, pois em nome de todos os seus desejos egoístas estão acabando com a vida pessoal, acabando com a família, com a dignidade humana, com a esperança de futuro, com o planeta terra.
Nós não somos seres fragmentados, nós somos inteiros, corpo, alma e emoções. Precisamos cuidar dos nossos sentidos humanos, pois temos consciência, livre arbítrio, pensamos, agimos e reagimos. Temos que nos sentir motivados para fazer o bem, sem olhar a quem...Desta forma precisamos entender os  outros seres humanos, respeitá-los e não estropiá-los.
Aqueles que conhecem história sabem que o “homem do Renascimento” acreditava que ele era grande por causa da sua maravilhosa arte, literatura e arquitetura. O homem da Reforma acreditava que ele era grande por causa do Deus que o tinha feito. E o homem moderno? Pensa que é grande por causa dos bens materiais que tem, isso favoreceu o desenvolvimento do individualismo e da ganância.. Assim, a humanidade hoje passou a querer ter em vez de ser. Passou a acreditar que tudo pode, acha que a razão é "tudo", mas as questões filosóficas provaram-se serem muito maiores.
Temos necessidade moral de Deus, Ele foi deixado em segundo plano e o materialismo nasceu. O capitalismo e a ganância ajudaram a esta dissiminação. O homem sem Deus ficou perdido. E ficou assim de frente com a moralidade que estavam perdendo. E como agir e reagir?
É preciso que o homem passe a centra-se no que é certo e o não no errado. E a humanidade está escolhendo os caminhos errados, pois hoje o certo ficou errado e o errado ficou certo. Hà uma inversão de valores morais. Sabemos que todos nós somos resultados de nossa cultura e o meio ambiente que nos formaram, mas escolhermos  entre o bem e o mal  é necessário. E agora?
O planeta está sofrendo uma reviravolta, a violência e o terrorismo estão à solta. Os excessos estão acontecendo e o individualismo reina. A ganância cobra o seu preço e as guerras estão governando. Será que teremos somente dor e morte?

VC, 18 de maio de 2011.

Vera da Mata

ESCRAVIDÃO: ontem e hoje




O fim oficial da escravatura aconteceu há exatos 123 anos. Se pensarmos na rapidez do tempo, percebemos que foi há pouco tempo. O dia 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, os negros foram libertados e em seguida abandonados.
Eles foram trazidos ao Brasil pelos colonizadores portugueses para movimentar a economia colonial brasileira, principalmente, a açucareira, mas passaram por maus momentos.
Ao serem tirados de sua terra natal, acabaram ursupados, maltratados, feridos no corpo e na alma.  Eram transportados pelos navios negreiros em porões sujos e sem ventilação. Viam amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Castro Alves, o poeta dos escravos, descreveu bem essas condições quando disse:  “era dantesco o tombadilho do navio”.
Os escravizados, quando aqui chegavam eram vendidos como animais. Em terra firme trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente. Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais. Tinham que seguir a religião católica, imposta e adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta própria: a capoeira..
As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, eram estupradas, usadas pelos seus  senhores, que utilizavam sua mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos, como: cozinheiras, arrumadeiras, parideiras e até mesmo amas de leite para os filhos da  elite colonial.
Mas o negro não aceitou passivamente a escravidão, reagiu, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
No entanto a partir da metade do século XIX, a escravidão no Brasil passou a ser contestada por alguns países europeus e o Brasil se viu obrigado a criar leis que começassem a libertar os negros.
Em 1850 surgiu a primeira lei em favor deles:  a Lei Eusébio de Queiróz, que acabou com o tráfico negreiro, em 1871 a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Somente no final do século XIX que a abolição realmente acabou.
Entretanto se a lei veio para libertá-los juridicamente, as dificuldades ainda estavam por vir. Sem moradia, condições econômicas e assistência do Estado, muitos negros passaram por “muitas” dificuldades após a liberdade. Muitos não conseguiam empregos, sofriam preconceito e discriminação racial. A grande maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos informais e temporários.
E ainda hoje eles enchem as favelas sem condições dignas de vida, com salários baixos, sem educação, com escola ruim e sem saúde. O governo brasileiro nunca teve planos ou projetos para ampará-los. Os negros deveriam ter sido ressarcidos de sua miséria e sua dor, mas ao invés disto são escravizados nas fazendas do interior do país. Mas a escravidão de hoje tem um variado tons de pele, todos descendentes daqueles escravos.
Assim essa ideia de “posse” escravagistas não existem mais, mas existe a escravidão moderna, chamada de ‘trabalho análogo ao escravo”, que não tem garantidos os direitos de trabalhador, os maus patrões inventam maneiras de o empregado não conseguir sair do “emprego”, com salários irrisórios, de fome.

Até quando isso irá acontecer?

Vera da Mata

VC, 18 de maio de 2011.



terça-feira, 17 de maio de 2011

DIA 15 DE MAIO - DIA DA FAMÍLIA


FAMÍLIA...

Na família existem vários sentimentos, histórias e muitas diferenças. Cada membro tem seu ritmo, seu jeito de vivenciar e ver a vida. Cada um tem suas peculiaridades que podem ser preocupante ou não, que podem ajudar a criar mais laços de amor e respeito ou não. Muitos de seus membros encaram conflitos de modo muito peculiar, uns evitam, outros tratam com bom humor, outros cobram e dão broncas, entras formas de reação.
Mas na família deve-se criar espaços que propiciem um vínculo afetivo. DESCULPAS como "não tenho tempo", "não gosto de conversar" não são mais aceitáveis, é imperativo e necessário que cada membro trabalhe para melhorar os vínculos internos. Uma das formas de sanar estas dificuldades é criar momentos para conviver com os familiares, driblar a falta de tempo com programas conjuntos nas atividades domésticas que permitem uma troca de experiências, como passeios, visitas, cozinhar juntos, entre outras.
Todavia aliado a tudo isto está o diálogo, que é uma das práticas mais fundamentais da convivência familiar.  De nada adianta viver unidos sob o mesmo teto se não há conversa, se as pessoas não compartilham seus sentimentos e experiências de vida. O diálogo permite saber o que o outro está pensando e sentindo e é a melhor forma de resolver desentendimentos.Porque são os diálogos que servem de apoio nas horas difíceis, mas também podem ser ótimas companhias para momentos de distração e divertimento.
Mas isto só pode acontecer se cada membro da família tiver disponível o amor, o tempo e a cooperação, principalmente para as crianças. Não existe nada mais difícil, desagradável e triste do que entrar numa casa e encontrar pessoas com a cara fechada, sem vontade de conversar. Há várias formas de combater estas manifestações .... o afeto. Ele deve ser manifestado com amor, respeito, tolerância, criatividade de adaptá-las ao tempo e à rotina positiva na família.
Não deixe somente para os finais de semana para manifestar seus sentimentos e conviver com sua família. 
Reconheça que ela não é perfeita, todos tem falhas e podem e devem tentar mudar, mas manter a  flexibilidade gera confiança nas pessoas com a qual nos relacionamos. Os pais devem criar ocasiões exclusivas para seus membros e ser exemplo para seus filhos.
VERA DA MATA
V/C, agosto/2016

sexta-feira, 13 de maio de 2011

DESPERTAR DOS SONHOS!



Ah que saudade eu tenho!
Da minha adolescência,
Do grêmio, da siderúrgica,
Do colégio e do coral.

Belos eram meus dias!
Sonhos e esperança tinha.

O mar era só um sonho.
O céu era azul e branco.
O planeta era pequeno.
O mundo dourado e fagueiro.
Cor de rosa era o futuro.



A vida era risonha.
Estudo, trabalho e música.
Que saudade!

Era a lua beijando os morros.
O sol beijando as folhas.
Debaixo das amoreiras.
Por entre as bananeiras.
Que saudade!

Vera da Mata
VC, 5/05/2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

AONDE VAMOS PARAR?



Existem grandes problemas ecológicos em nossos dias. Entre as grandes mazelas que temos, as sacolas plásticas de supermercado são uma delas. Dois estados brasileiros já criaram lei para proibir o uso de tais “sacolinhas”: Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Lula, segundo noticia da internet, lembrou que “o Brasil usa por ano 18 bilhões de sacolas plásticas. No Rio, são 2,4 bilhões por ano, cerca de 200 milhões por mês. E que o objetivo da lei é reduzir substancialmente esses números”.  
O mundo consome um milhão de sacolas plásticas por minuto, que significa 500 bilhões por ano. É um número absurdo. As sacolas são úteis, mas sabemos que elas causam um problema ambiental muito grande. São usadas para colocar lixos domésticos, que vão para os aterros sanitários e levam anos para se desintegrarem totalmente, cerca de 500 anos.
Além de entupir galerias de esgotos e águas pluviais, poluem rios e mares, sujam praias, matam por asfixia animais que buscam alimentos no lixo.
 Mas o que fazer? Seriam as sacolas biodegradáveis ou/e sacos de papel a solução?
            Apenas alguns anos atrás não se usava sacolas em supermercado. Elas tiveram seu uso sistemático depois de 1980 para cá. Quando se ia às compras, levava-se sacos de panos, sacolas de lona e as compras eram embaladas desta forma. É preciso a conscientização de todos para o problema que elas estão causando.
 Pensa-se que as sacolas ecológicas são a solução, que levam apenas 18 meses para se decompor. São feitas de materiais oxi-biodegradáveis que causam menos problema ao ambiente ou sacos de papel. Mas quantas árvores terão que ser derrubadas para substituir os sacos de plásticos?
             Os problemas ecológicos são urgentes. O aquecimento global está sério. É necessário ações imediatas da sociedade, das empresas, principalmente daquelas que fabricam materiais poluentes, senão não sabemos aonde vamos parar.
                O ideal seria a reciclagem, mas 80% das sacolas plásticas vão parar nos aterros sanitários como lixo  comum.

Vera da Mata

VC, 27/4/2011



quarta-feira, 20 de abril de 2011

ERA UMA VEZ UMA BENZEDEIRA NA FAMÍLIA...






       
                 Hoje me lembrei de quando era criança na Tabajaras e minha mãe mandava que eu levasse algum de meus irmãos menores na benzedeira. Uma era D. Maria de Sr. Olavo e a outra, D. Zilda, que plantava verduras e morava perto do escadão. Eu ia entre curiosa e medrosa, pois meu pai odiava essas crendices, enquanto a minha mãe e minha avó acreditavam e confiavam.
            Era uma casa simples onde a mulher que rezava  ficava com um lenço amarrado na cabeça e galhos de folhas nas mãos e, às vezes, brasas vermelhas perto de uma vasilha d´água que se transformariam em carvão. Eu com o olhar assustado não perdia um só de seus movimentos, que subiam e desciam com as ervas e as rezas.
            Era uma cultura naquela época. Minha avó acreditava piamente, ela também sabia fazer as rezas, porque muitas vezes quando faltava encontrar alguma benzedeira ela mesma rezava.
             E sabemos que no Brasil, ainda nas pequenas cidades do interior, muitas senhoras ainda difundem o poder de “antigas benzeções”  aliadas a uma variedade de ervas e unguentos. 
          São benzeduras para afastar o olho gordo, a inveja, a desenteria, o vômito, o quebranto, o torcicolo etc. As folhas eram colhidas no quintal da casa: arruda, erva de são jorge, assapeixe, galho de peão-roxo ou de vassourinha, que expurgam as enfermidades do corpo humano e os mal-olhares.
            O ritual era vela acesa, água num copo de vidro transparente, brasas ardentes e as folhas.  Era um tal de fazer sinal da cruz nos pés da criança, na testa, rezava -se "3 padre-nosso e 3 ave-maria" virando-a de bruços,. Depois tomava-lhe os pés bem juntinhos,  sacudia e fazia o nome do Padre e rezava assim: Deus qui te feis,/ Deus qui ti criou,/ Nossa Senhora é qui tira /esse mal qui ti introu.// E rezava um padre-nosso e uma ave-maria, batendo com os ramos das folhas. “ Pois assim que os ramos murchassem, absorviam a doença e  a pessoa sarava, segundo a crença.
                 Não sei como andam as benzedeiras em nossos dias, mas na minha época de criança era bastante comum procurá-las. Minha avó tinha uma fé inabalável nestas coisas. Certa vez ela e minha mãe mandaram que eu levasse Armindinho na casa de dona Maria de Sr. Olavo, meu pai chegou e me encontrou no caminho com meu irmão. Chegando em casa foi o maior quebra-pau porque ele não gostava e isso já era tardinha, pois levar alguém a uma benzedeira tinha que ser ao raiar do sol ou ao crepúsculo, "noitinha".
            Os rituais eram  revestido de tradição, mistérios, símbolos sagrados,  rezas, rosários, sal,  água benta, cordão e ervas, de  origem africana, indígena e européia.  Benzer era um fio invisível e poderoso unindo as dores dos homens e suas mazelas ao Criador. 
            Em meio à sabedoria popular e tradicional,  ainda existem algumas mulheres portadoras desta dedicação e tradição, que nas rugas dos rostos e na calma de suas rezas fazem esforços para curar os males físicos e espirituais do corpo e da alma humana.


Vera da Mata
VC, 20/04/2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

SIMPLESMENTE MARIA



Do hebraico – senhora e soberana
Na minha vida - mãe e companheira.
Tem serenidade, força vital,
vontade de viver...
Problemas? ... Não faltaram.
A dor? Agüentou no limite.


Ela não foi o que quis.
As dificuldades?
Fizeram-na forte!
As tristezas?
Fizeram-na humana!
A esperança?
Fizeram-na feliz!

Apesar dos pesares,
É alegre e comunicativa.

Maria - afetuosa e carinhosa,
Da voz mais melodiosa
Que dos sabiás.
Trabalhadora e sábia,
Paciente e competente.

MARIA – AMAR.
Guerreira. Lutadora.
Humilde e inteligente
Que bom que a minha Maria
É a pessoa que é!
Já deu 83 voltas ao redor do sol...

Vera da Mata

VC, 14/04/2011

MENINA SELVAGEM




Era uma menina livre e presa
Aos sonhos e ilusões.
Era selvagem ao seu modo,
Pois acompanhada de pássaros,
matas e bichos,
Trazia na vida uma gigante
Mangueira, que escorrida
nas faces, mangas maduras
Manchavam seu rosto e sua roupa.
Seus cabelos, molhados e
tocados de brisa,
brincavam com o vento.

A menina selvagem carregava
Em seus olhos verdes e profundos,
Brincadeiras, artes e imaginação.
Alimentava aves,
Escorregava morros...
E há de relance, no seu riso,
aço, goiaba e mangas.

VERA DA MATA
03/04/2011



ONTEM E HOJE





A globalização nestes dias tem criado novos hábitos de vida e mudado muitos paradigmas que tem mexido com a cultura de todos. Observa-se que com o passar dos anos vão surgindo cada vez mais “tecnologias” que nos faz cada vez mais distintos, individualistas e egoistas.

Mas ao remexer as gavetas de minha memória numa conversa com um aluno, lembrei-me de uma história que contava minha avó sobre o meu avô João Raimundo da Mata. Quem o conheceu sabe que era um homem simples, magro, humilde até a ponta do cabelo. Meu avô antes de ser tropeiro, era meieiro em Nova Era, mas é sobre sua primeira fase de vida que vou falar.

Sabemos que durante todo o período do Brasil Colônia, o tropeiro era uma figura fácil de se encontrar no país. Eram como se fosse os “caminhoneiros” hoje. Eles atuavam por todo o território antes do trem-de-ferro, dos caminhões. Todo o comércio de mercadorias era feito por eles, quando não havia nenhuma alternativa de transporte, fosse por navegação marítima ou fluvial. Dormiam ao relento, no chão nu. Comiam feijão, com torresmo, frutas que encontravam pelo caminho. Ficavam sujeitos á doenças, chuva, picada de insetos, ataques de animais ferozes ou de bandidos e/ou saudade da família que matava aos poucos.

Nas regiões do interior do Brasil, as mulas eram “os motores das carretas” de hoje. Eram as únicas que conseguiam andar por muito tempo carregando peso. Em Minas Gerais, por exemplo, elas eram usadas nas lavras de ouro, de pedras preciosas e no comércio de escravos, alimentos e ferramentas para a população dos arraiais interioranos.

O tropeiro era fundamental para a propagação do comércio e cultura do interior. Não eram comerciantes especializados, mas compravam e vendiam de tudo e foram um elemento importante no ir-e-vir pelos caminhos e estradas do sertão e caatinga.

Minha avó contava que meu avô tinha uma tropa, ou melhor ele fazia parte de uma tropa que percorria a região de Itabira, Nova Era, Monlevade, São Gonçalo do Rio Abaixo e região transportando e comercializando carvão, entre outras coisas. Sofriam todas as intepéries do tempo e da época para trabalhar e ganhar dinheiro. E foi numa destas andanças de tropa que ele a conheceu em “Bateias”, distrito de Itabira. Ele viúvo com um filho chamado Sebastião Raimundo da Mata, ela moça de 30 anos, solteira e sozinha. Tiveram 4 filhos, entre eles o meu pai Armindo.

Não conheci o meu avô, mas sei que foi um grande homem. Todas as informações que tenho a seu respeito me foram dadas por dona Jovem, minha avó, linda a amada. Sei que a vida deles não foi fácil. Foi dificil e dura, mas sei que ele foi um elemento importante na construção deste país como o vemos hoje em dia.

Vera da Mata

VC, 8/04/2011



terça-feira, 12 de abril de 2011

RENATA



Do latim - renascida,
forte, leal e decidida.
Amo você como alguém que ama o amor.
Desde que nasceu...
Sua importância para mim é vital.
Não conheço outra razão nesta vida,
Senão amá-la como sempre amei.

O que quer que eu lhe diga?
Senão que te amo para sempre!
Amor não se vê com olhos,
Mas com sentimentos d´alma.
Nem o sol, nem a distância,
Nem as estrelas e nem a lua
Serão capazes de nos separar!

Vera da Mata
VC, 11 de abril de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

SOMBRA DE SEUS OLHOS


Ontem fechei os olhos
Fui muito longe e tão tarde!
Sob à sombra dos olhos seus,
Parei nas águas de meus sonhos.
Eram águas profundas,
Amargas e escuras.

Lá ... mirei meus olhos
Que juntos com os seus - voaram
Na madrugada fria
Onde os pássaros noturnos voam
E não cantam.

Cantando pus-me a esperar.
Esperar a doce luz do silêncio
Que vi em seu olhar.
Procurei em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Mas no mar nada encontrei...
Só vi a solidão,
Que vive a me castigar.

Quando os olhos eu fechar,
Pode ser que eles não queiram ...
Pois espero que o tempo volte,
Nas lembranças, na vida, nos netos,
perto do céu, por sobre o mar,
Na terra e no tempo que voltar.

Vera da Mata
VC, 25/03/2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

SIMPLEMENTE MONLEVADENSE!



Hoje acordei especialmente saudosa de minha terra. Não sou poeta, mas na minha simplicidade de mulher desnudo a minha imaginação a imagem mais linda de minha terra natal. Faço uma viagem ao meu Vale do Aço, ao restante da floresta Atlântica que por lá há, ao verde de suas árvores num chão que também é meu, chão brasileiro. Sou um pedaço da embaúba que nasce naquelas matas ao redor da cidade. Desfilo pelas veredas abertas de minha saudade e transpiro o dom de escrever sobre o solo que pisei por 42 anos.
Em meio a lembranças tantas, o pó, o ferro, a terra, a mata entoam em meu coração a poesia soprada pelo vento. Sou um pedaço de tudo que tem lá. Lembro-me das iguarias, que só a comida mineira tem: tutu de feijão, frango com quiabo, arroz de forno, inhame, taioba. E no pé das montanhas e morros me transporto...
Tabajaras, ali fui criada, lá cresci, brinquei, sonhei, ri e chorei. Lá desabrochou a minha meninice, eu e meus irmãos, teimando em não rolar morro abaixo, na terra, quando a minha mãe em casa não estava. Lá soltei papagaio, joguei finca, brinquei de roda, piques de esconder, entre outras brincadeiras.
Ah, saudade! Porque teima em cutucar-me o juízo?
Por onde anda o Coral Monlevade que fez parte de minha adolescência? Por onde anda o Grêmio Literário do Antigo Ginásio Monlevade onde declamávamos poesia de Castro Alves e Olavo Bilac, e que, às vezes, esquecíamos, mas que serviu para o nosso crescimento cultural e social? Por onde anda a fanfarra de 7 de setembro do Ginásio, que na minha época, as mulheres, pela primeira vez, começaram a tocar? Por onde anda minhas colegas de escola? Por anda meus queridos professores? Por onde anda o Conjunto musical dos Congregados Marianos que meu pai sempre levava em casa para tocar e cantar para nós?
Saudade do Grêmio Esportivo Monlevadense! O domingo que não íamos para lá, depois da missa, não era domingo. O Cine Monlevade e suas longas filas para comprar entrada para o cinema! Da feira, que hoje percebo pequena e simples, mas que para nós era enorme e completa, onde tudo era tão colorido e cheiroso. Saudade da Assistência Médica onde tínhamos sempre médicos à disposição, onde havia um silêncio mórbido de gente que procurava ajuda.
Ah, saudade de minha terra! Cercada de verde, de bairros e de gente. Amo seu jeito de ser, mesmo descuidada, hoje em dia, pelo poder público. Amo seu povo, seus mitos, seus gestos.
A saudade bruta me basta! A sua ausência me basta! Tenho João Monlevade (MG) como fonte inspiradora de meu viver.

VC, 21/03/20011

Vera da Mata