quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CHÃO DA MATA DA TABAJARAS

Meu olhar sem demora
procura os ramos, as flores,
Os troncos, as aves,
os bichos, os ventos,
os sóis e os lamentos
na ventura de meu quintal.
No chão folhas secas,
no vento, flores mil.
Azul do céu,
retalho inquieto
de nossa infância!
Recruzo o espaço
encontro árvores gigantescas,
que para abraçá-la
são braços de dez crianças.
Encontro a vida que por lá há...
Vidas aladas farfalhando, colorida...
pássaros, lindos!
Ramos a vergar,
Bigônias em flor
entrelaçados no cipó
como fios suspensos a bailar,
para gangorrar.
Enormes aranhas,
grilos, sapos luzidos,
cobras e serpentes,
vidas sem contar.
Na mata galhos tortos
e desempenados,
contorsões,
vultos condenados
no grito da daquela mata...
Gemidos!
São risadas longas dos seres de lá...
Assobios sem fim...
Soluços, silvos,
cochichos, estalidos,
Tico-tico, gaviões,
arapongas, tucanos
são guaches nas grutas a cantar
na sinfonia do nosso sonho de criança!

Vera da Mata
agosto/2001

FLORES

Tarde no azul do céu,
Gotas de orvalho
a cair destemida
beijam as flores
que unidas a olhar estão:
o sol e a vida!
Os passarinhos do céu,
com suas asas pequenas,
Nas profundezas do espaço
E ao léu...
buscam o encontro do amor.
Em parelhas descem todos
para encontrar as flores
suas amigas e conselheiras,
que estão unidas no mesmo arrebol,
No mesmo orvalho da noite.
Lá em cima as estrelas,
Cá embaixo as flores,
Numa eterna primavera,
São as rosas nascidas e floridas
Que amam os mesmos raios de sol
O mesmo raio de amor...

Vera da Mata
outubro/2006

HUMANIDADE INJUSTA!



Desfalecidos, errantes,
famintos, forasteiros,
É imagem de boa parte da humanidade.
Vidas carentes...!
Como fujir das sombras da morte?
Porque o povão para sempre
viveu nas amarras da falta...
Que num planeta tão farto...
Milhares no cativeiro viveu.
E no seu alento derradeiro
desta escravidão sem fim
a dor, a desilusão e a morte
foram suas companheiras.
Homens e mulheres sem esperança
com coração estraçalhado,
de falta de verdade e de amor
por todos tão desejado...

Cálice de amargura,
Dor infinita!
Sem saúde, sem educação,
A torturar seus corações
esperançosos!...

Grande povo de virtudes
Sê feliz! busque a paz!
Mas onde encontrá-los?
Suas venturas despertar deveriam
Acordar os ganaciosos
Que o planeta terra é de todos!...
E não é de ninguém...
Vera da Mata,
VC, julho/2009

TORRENTE


Serra azul!
Torrente de cachoeira!
Água que desce com força,
Junto com o vento
que balança as folhas,
Cria neblina na corredeira
que cai sem parar.
Produz fendas ocultas
E profundas
Nas entranhas das pedras.
São fios de água viva
pela escarpada a passar.
Água, pedras, folhas
Que de passagem
Caem, rolam e vão...
Levem a minha mágoa...
Lavem a minha dor!
Águas que rodeiam caminhos,
Que não descansam
na sua longa viagem
que terão até o mar.
Passam por líquens verdes,
por florestas,
por planicies e vales,
Batem nas rochas
Gemem sem parar.
E pelo caminho
aberto a chorar
caem no seu eterno rolar.
Levem a minha mágoa!...
Lavem a minha dor...

Vera da Mata
julho, 2009

ENTARDECER DO MEU CORAÇÃO...


Sol descamba no horizonte
como um cetim que cai no chão.
Deixa vermelhas as folhagens,
Deixa seco e magoado
meu coração.

As águas e os campos floridos,
vão dormir neste entardecer,
Que do céu implora olhares,
sentimentos...
Que transluz a luz deste momento.

É um facho de luz indeciso,
de cores semi-mortas,
que se perdem no azul noturno,
frio e adormecido,
Dos dias felizes ou tristes.

Meu amor guarnece os ventos
de sonhos e esperanças
como renda brilhante a farfalhar;
Que brinca com a palmeira
e as aves que passam na viração.

Mas há uma harmonia exalante
da natureza que se recolhe,
Do amor que eu sinto,
Dos juritis, dos sabiás,
Do esconder no matagal.

Entardecer de minha vida!
É como melancolia,
Oh meiga tarde!
Que na minha mágica vida caiu,
E as sombras da noite que chega
Trazem mistérios e encantos mil.

Vera da Mata
VC, 15/01/2010

AMIGOS!




Separarmos...
Vamos todos.
Saudades...
sentiremos.

Conversas jogadas fora,
Descobertas que fizemos,
Sonhos que tivemos,
Risos incontroláveis...
Momentos compartilhados.

Saudades...
Dos momentos de brincadeiras,
Das risadas por nada,
Dos finais de semana,
Companheirismo.
Das lágrimas de despedidas.

Na vida...
Cada amigo escolhe um caminho...
Um destino,
Um lugar.

Podemos nos encontrar?
Sim, até bobagens conversar...
Até os encontros raros ficarem.
Até restar só fotografias...
Lembranças e saudades...

Brumado, 2006
Vera da Mata

AVÓS E NETOS



Falam que os avós deseducam...
Verdade?
Mentira?
Difícil de saber.

Os avós não colocam de castigo,
dificilmente dão broncas
fazem todas as vontades.
Todos os mimos.
Deixam brincar com o que quiserem,

Comer os doces que desejarem...
Avós..
Sinônimos de alegrias...
Valores...
saudades...

Contato com os avós...
Melhora a relação de pais e filhos,
Além de criar relação de amor
E respéito com os idosos.

Avós...
utopia de viver,
Experiências
De modo lúdico
As histórias da vida!

Vera da Mata
26/10/2007

EMOÇÕES



Quadro ao lado de Salvador Dali.

Hoje acordei com um sentimento de “menos”,
menos problemas, menos enganos,
menos tristezas, menos saudades,
menos lembranças, menos solidão.

Mas como sou um turbilhão de emoções,
Viver sem elas não posso
quero “mais”,
mais alegrias, mais proximidades,
mais sonhos, mais realizações,
mais acalentos, mais amor.

Pois emoção é estado
Mental da alma,
dos pensamentos e comportamentos
Determinantes da vida.

Sentimentos...
Que afligem a alma e coração,
Consciente ou inconsciente,
É o sentido da vida.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

ENTRE PEDRAS E ESPINHOS





Será que sei viver?
Imaginei a vida só de ilusão,
Ilude-me até ficar maluca,
que acabou com meus sonhos
e minhas esperanças.

No caminho, encontrei pedras
Enormes
Não consegui retirá-las,
Eu me arranhei
Com o bem e o mal.

Escolhi
Viver sem você!
Eu deveria aprender a viver!
Saber viver!
Dos caminhos
deveria ter retirado as pedras
Os espinhos,
Mas ilusões enraizaram
Para sempre!



Vera da Mata
outubro/2010

DEIXE QUE A VIDA TE DESPENTEIE




Hoje aprendi ...
Para viver de verdade
È preciso se despentear.
Aproveite a vida
O mundo é louco,
definitivamente louco...
O que é gostoso, engorda.
O que é lindo, é caro.
O sol que te ilumina,
Te enruga o rosto.

Mas, se despentei...
Ria às gargalhadas.
Viajar e correr,
Despenteia.
Entrar no mar,
Ou na cachoeira
Despenteia.
Tirar a roupa,
Despenteia.
Brincar,
Despenteia.
Cantar até ficar sem ar,
Despenteia.
Dançar até cansar,
Despenteia ...
Viva despenteado!
Só assim será feliz!

Vera da Mata
outubro/2010

domingo, 3 de outubro de 2010

ODE À FAMILIA

União de pai e mãe,
Sinônimo de amor e calor,
É repleta e completa,
De tristezas e alegrias,
e de desarmonias.
Às vezes engraçada,
afinada nos sonhos,
engrenada nas lembranças,
Mas, por vezes, fica complicada,
desajustada e desacertada,
Mas a família é uma benção!
Lá dentro: nascemos
Lá Crescemos,
Lá nos formamos
E de lá ganhamos
o cruel mundo.
Na família ganhamos abraço,
Disciplina e afago,
No almoço em família,
No vento no rosto,
Na boa lembrança,
No mingau de fubá no inverno,
No jogo de futebol pelo rádio,
Nas comemorações de natal.
Ganhamos rotina...

Família: bem mais precioso!
Nossos pais merecem todo respeito
Do mundo, todo o carinho
No sol de toda manhã.


Vera da Mata
2 de outubro de 2010