Já dei sessenta e seis voltas ao
redor do sol, não sei quantas mais darei. Essas minhas voltas me encheram de
experiências, de histórias e trago uma imensa bagagem de vida. Mas quanto maior
a minha bagagem de experiências, mas leve quero levar minha vida. Sabe por quê? Por que aprendi a me desligar, a não me importar muito. Já acumulei muitos sonhos que nunca realizei, viagens que desejei fazer e
nunca viajei. Tenho uma infindável lista de desejos que continuo planejando. Quis
ter um milhão de amigos, como disse Roberto Carlos, mas na verdade só tenho meia
dúzia deles. Eu queria muito ter 1,70 metros de altura e pesar no máximo 60
quilos, mas isto é impossível. Já vi tanta coisa nesta vida: vi a guerra fria,
a ditadura no Brasil, a evolução das tecnologias da comunicação, guerras e
terrorismo e tudo isso me fez desacreditar definitivamente no gênero humano,
pois descobri que a vida é um grande circo.
Quando penso
nas circunstâncias vividas no meu dia a dia, percebo que estou um perigoso
trapézio e corro constantemente muitos perigos nas cordas bambas da vida. Ás
vezes tenho que domar um leão por dia ou engolir espadas ou fogos se quiser
sobreviver. Mas o único personagem que
realmente gosto de ser: é o palhaço, por que não importa as dificuldades
enfrentadas, ele nos incentiva sempre a rir. Ele pinta o rosto para esconder
suas próprias tristezas, brinca com sua dificuldade, transformando a nossa vida
em alegrias através de boas risadas.
Que tal
imitarmos o palhaço e deixarmos nossa vida mais leve e passarmos a interpretar
este personagem para tornar a vida das pessoas a nossa volta mais alegre e
feliz também?
Em nossa
jornada por este planeta enfrentamos muitos dilemas, temos muitos
questionamentos, que têm que ser tratado com mais tranquilidade, pois nossa
existência deve estar ligada à uma perfeita sintonia com o coração, o amor e a
nossa consciência. Quando a vida nos apresentar vários caminhos como uma
bifurcação de ideias e sentidos diferentes, devemos pensar positivamente, usar
nossa intuição e seguir um caminho escolhido e corrermos o risco que tivermos
que correr. Devemos ser aquele palhaço alegre e feliz que temos dentro de cada
um de nós, entender o porquê das “coisas” e não termos medo de fazer os
caminhos.
Outro aspecto
interessante é não nos preocuparmos com que os outros falam de nós e nem fazermos julgamentos da vida dos outros. Por que devemos refletir sobre um
provérbio greco-romano que diz “um homem encontrou um senhor que caminhava
extremamente envergado para trás, com o fecho dianteiro do seu alforje
pegando-lhe por baixo do queixo, enquanto a bolsa traseira do mesmo lhe caia
abaixo da barra do paletó. Perguntado por transeunte por que ele andava assim,
ele respondeu: na bolsa traseira de meu alforje trago escondidos os meus
defeitos, que são muitos e pesadíssimos, procuro ocultá-los o máximo possível.
Na parte dianteira carrego o defeito alheio, que sob forma de pedras vou
jogando ao conhecimento de todos”. Devemos pensar profundamente nestas
palavras, pois, muitas vezes, preocupados com o que não “é de nossa conta”
esquecemos daquilo que tem valor realmente.
Por que não atirarmos
uma flor em que nos atira uma pedra° .... É difícil, mas não é impossível, ´pois quando
tudo em nossa vida parece errado, escuro, devemos tentar a dar o primeiro passo
e sermos o primeiro a acender uma luz, a dar um sorriso, a abrir os braços num
abraço. Não seja o primeiro a atirar uma pedra em que erra, mas o primeiro que
compreende que apoia e dá amor.
Façamos sinceramente estas palavras: o que estamos fazendo com a
nossa vida? O que estamos fazendo com a vida das pessoas que passam pela nossa
vida?
VERA DA MATA/2016