quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Tenho mais passado do que futuro....

666 - na Bíblia - é o número da besta, quando o Nosso Criador aparece fazendo o julgamento e destruindo o mal, enquanto aparecem figuras, números e imagens misteriosas. O seis representa imperfeição, enquanto o número sete com o sentido de completude. Seis é igual a sete menos um (6 = 7 – 1) e, por isso, remete à ideia de defeito, incompletude; relacionando-se, às vezes, aos inimigos do Altíssimo. O 666 é a repetição do seis três vezes, mas o meu 66, se repete somente duas vezes.
Assim, 66, muitos dirão que é um numeral amaldiçoado, outros dirão que é completo, pois são dois pares e múltiplos de 3 ... olhando de outro modo, isso significando que bastante já vivi, mas ainda não muito. Nesta vida busquei amar a todos por ela passaram, desenvolvi uma fé no Criador única, sem subterfúgios e dogmas e acredito acima de tudo na sabedoria de vida que se adquire com o tempo.
Existem muitas coisas que acredito, mas outras que ainda estou pesquisando. Muitos “fatos” eu vi e vivi, entre eles, pessoas que fazem seu próprio inferno, se recusam às mudanças, às novas aprendizagens, a encarar e criar novos paradigmas de vida, fazendo do egoísmo seu único companheiro. É preciso levantar os olhos e enxergar as pessoas ao nosso redor, deixar de pensar somente em si mesmo e se preocupar somente com seu umbigo.
Na minha pele a cada dia observo manchas e manchas senis (minha filha disse que se chama assim...kkk). Fico observando e, às vezes, elas se parecem como enfeites mal colocadas em meu dorso, algumas vezes tento cobri-las com maquiagem, mas quando lavo as mãos e o rosto, olha elas lá de novo. Surgiram de repente, como se fossem instantâneas. Meu rosto! Este está sendo emoldurado claramente pelas rugas, alegres e expressivas, porque sou alguém alegre! Ontem notei um novo vinco, mais profundo e marcante que desce da base do meu nariz e vai até abaixo da boca, e pensei: é o meu modo de dormir que está me marcando, mas não... é o tempo.
Dia a dia, mês a mês, ano a ano, desenvolvi muita matéria que não deveria ser minha, mas que insisti em ficar comigo: gordura, células em excesso, proteínas em excesso, carbonos e sei lá mais o quê. Estou me despedindo, definitivamente, da juventude, da força física, do vigor, dos meus sonhos mirabolantes de conhecer o mundo, das ilusões do impossível, e em contrapartida espero adquirir sabedoria de vida, alegria de viver e ver meus netos crescendo e se formando. Tento tirar de minha existência tantos arroubos, impulsividades, revoltas com aquilo que não pôde ser, e daqui para a frente quero a moderação, a aceitação daquilo que não muda, a compreensão das atitudes dos outros.
Hoje, observo a vida com curiosidade de aprender, de admirar mais e de sentir mais. Sentir o sol na minha pele, a lua brilhando no céu, os pássaros que me visitam no meu jardim, meus netos correndo e brincando, meus adolescentes tentando, também, se encontrar e descobrir a vida e meus filhos, já adultos, vivendo tranquilos e felizes da forma que escolheram. Estou procurando usar as tecnologias de hoje, sem deslumbramento. Continuo sonhando, mas um sonho com os pés no chão. Ainda luto, mas me permito o descanso, quero minha energia mental e minha fé intacta.
Um dia sei que tudo isto vai acabar, pode ser de doença, acidente, velhice, não sei, nada me amedronta. Mas enquanto eu estiver aqui buscarei a alegria e a satisfação de viver, daqui para frente estou na “estação de trem da vida” esperando minha partida, porque morrer é tão natural como nascer! Sei que deixarei saudade para os meus, mas um dia, estaremos todos juntos.
Por que a maior “burrice” da vida é a pessoa achar que é eterno e se apegar somente à matéria. Nascemos nus e ao morrermos levaremos somente uma muda de roupa. Portanto, tenha alegria de viver, aproveite do dia, louve as suas mãos com seu trabalho diário, mas sem exagero, descanse, observe tudo, leia, produza alguma coisa boa e edificante, deixe a vaidade exagerada, o ódio mortal pelo seu passado, os ciúmes idiotas, os medos sem sentido, as angústias criadas pelo seu egoísmo, os ressentimentos banais, os apegos às coisas materiais. Desenvolva a fé, a gratidão e a alegria, tudo resumido no amor.
Amo, sou amada, por uns mais e por outros menos, mas sou feliz!
Vera da Mata
Vitória da Conquista, 26/06/2016.

Minhas poesias....



PARA MEU PAI....


Meu pai era um homem igual e tão diferente dos outros homens,
Era cuidadoso com a família, até em excesso,
Presente nas suas vidas: todos os dias,
Amoroso ao seu modo,
Deixou tesouro incalculável de bens morais e espirituais para seus filhos,
Além da honradez, honestidade e humildade.

Tinha como hábito sacudir seu chaveiro.
Os livros, a matemática, as cadernetas e canetas
eram suas companheiras.
A camisa social impecável, o lenço.
O almoço sempre na mesma hora: meio dia.
Descansava e lá voltava para outra jornada no Ginásio.
Gostava de Bethoven, Bach e Mozart,
Estes discos eram seus companheiros.
Música popular também amava:
Martinho da Vila, Chico Buarque, Luiz Gonzaga,
Roberto Carlos e Elis Regina, Bethânia.
O radinho era sem acompanhante.

Na vida teve muitos afazeres:
Onze filhos, agregados,
Muitos ganhos, muitas perdas,
Muitos acertos, muitos erros,
Muitos sucessos, muitos desenganos,
Religioso, professava sua fé sem timidez,
São Vicente de Paula, ajudava os pobres,
Com casas, comidas e agasalhos.

Homem forte, destemido, forte personalidade,
Bondade sem medida,  feição fechada,
Lindos olhos verdes, rigoroso ao extremo:
Bom exemplo para os filhos.
Suas ações ficaram,
Ele se foi...
E deixou a saudade,          
FELIZ DIA DOS PAIS, meu pai!

VERA DA MATA
14/08/2016



AINDA ME LEMBRO....



AINDA ME LEMBRO...

Ainda me lembro do cheiro da chuva lá na rua Tabajaras,
Da água correndo morro abaixo
E escorrendo fazíamos bicas para as nossas brincadeiras,
pés no chão
Sujando-nos de lama,
as árvores balançavam perigosamente;
eram brincadeiras com os irmãos e vizinhos 

na rua brincando de corda, do pique, de lojinha,  
De cineminha, de adivinhação....
Do cheiro da comida de minha mãe.

Quando cansada
deixava meus sonhos voar alto
deitada debaixo de uma amoreira.

Ainda me lembro do nascimento de meus irmãos,
De fingir que estava brincando no quintal
Enquanto nosso pai anunciava a chegada de mais um membro.
Ainda me lembro de abraçar um irmão que caiu e se machucou.
Das brigas com uma irmã pelo pedaço maior do bolo!
Do vento da balançava em nosso rosto!
De correr pra cama da mãe e pai após acordar com frio
E achar que somente ali poderia dormir!

Ainda me lembro de pensar que minha vida seria sempre alegria
E que eu nunca me perderia no meu mundo de sonhos e ilusões!
Ainda me lembro quando minha amiga foi embora
E eu ficar triste por saber que não nos veríamos mais porque foi para a Europa!
Ainda me lembro nas minhas doces memórias,
De cada morador de nossa rua, casa por casa, rosto por rosto.
Sei que suas feições mudaram,
Por que também mudei.
O tempo passou!
Mudamos.

Ainda me lembro das chamadas de minha mãe quando estávamos no quintal!
De pedi-la que cuidasse de nosso machucado porque havíamos caído.
Ainda me lembro!...
De expressar minhas ideias sem medo de critica
E achar que elas seriam assim para o resto da vida,
Mas sem saber que mudaria de ideia várias vezes em minha vida
E que me arrependeria muito de tantas coisas.
Mas tenho a certeza que acertei muito também ...
Mas o que mais recordo e consigo sempre ter de volta,
É a sensação de viver sem medo de ser feliz!

VERA DA MATA
04/07/2016