sexta-feira, 3 de junho de 2011

O GOSTO DE MEUS OLHOS



Meus olhos gostam do tempo,
Gostam do sol que brilha,
Gostam da chuva que cai devagar,
Gostam da sombra da noite,
Gostam do amanhecer do novo dia.
Gostam da esperança no seu olhar.

Meus olhos gostam da nuvem branca
Que viaja pelo céu azul
Em forma de bichos e plantas.
Gostam do som da cachoeira
Que geme copiosa na fonte,
Sobre pedras brancas e lisas.

Meus olhos gostam de cores fortes,
Gostam de flores perfumadas,
Gostam do verde das florestas,
Gostam das cores dos pássaros.
Gostam do sussurrar da brisa.
Gostam das estrelas, dos céus,
Do mar, da terra e dos bichos.

Meus olhos gostam dos sonhos,
Gostam das folhas murmurando ao sabor do vento.
Gostam das brincadeiras dos gatinhos na relva verde.
Gostam da flor que desabrocha no jardim.
Gostam da voz melodiosa dos amores.
Gostam da vontade inerente dos poetas.
Gostam da sinceridade das crianças.
Gostam do vôo raso do gavião.

Meus olhos estão quase extasiados de ver:
As crianças, os jovens na sua procura pela vida,
Nas veredas das estradas a correr.
Vi muita tristeza também.
Amei o amor, a inocência,
As flores e as justiças.


Hoje na velhice prudente - manias tenho,
Da juventude - só lembranças,
Da terra – só a beleza e dor,
Dos amigos – saudades.
Dos irmãos e irmãs - sinto falta.
Da vida – apenas medo e aflição.

BRUMADO, 3 DE JUNHO DE 2001

VERA DA MATA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

JÁ OUVIU FALAR EM NÍSIA FLORESTA?



Então leia o texto abaixo de uma redação que escrevi em 2006 para um concurso de redação do "Jornal Correio Braziliense" de Brasilía da Fundação Assis Cahteaubriant.
LEIA...

Nome: Vera Lúcia da Mata Lula
Escola: Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Cidade: Brumado - BA
Categoria : Ensino Universitário
Classificação : 3º lugar

NÍSIA FLORESTA: uma brasileira à frente de seu tempo

              As mulheres desde a idade média foram sinônimo de pecado, fraqueza, luxúria e devassidão. Eram consideradas, por teorias criadas por homens, seres sem alma, inferiores, que deveriam ter uma posição subalterna, de obediência e de inferioridade. Os filósofos cristãos chegaram a considerá-las um "ato acidental" de Deus, tamanha era a sua aversão às mulheres. Mas a Igreja, precisando de fiéis, começa a querer arrebanhá-las, para isso cria a visão de santificação da maternidade, na figura de Maria. E para que elas alcançassem a salvação era preciso• que elas se penitenciassem, transcendessem a podridão da matéria através do sofrimento. Por isso a sexualidade feminina passa a ser escandalosa e os mitos começam a crescer. Por ser escandaloso aludir à sexualidade feminina, a higiene e a medicina feminina se perdem. O funcionamento da corpo da mulher, então, transforma-se num mistério para os homens e para elas mesmas. À mulher não era permitido ver seu corpo por inteiro, muito menos seu órgão genital.
           É nessa situação da mulher do século XIX que surge a cidadã universal DIONISIA GONÇALVES PINTO, mas tarde conhecida como Nísia Floresta Brasileira Augusta, uma potiguar a frente de seu tempo. Nasceu em 1810 em Papari, Rio Grande do Norte. Seu pai era advogado e isso, provavelmente, fez dela uma mulher de mente aberta e uma cidadã consciente de sua função na sociedade da época. Educadora e pioneira do feminismo brasileiro.
            Foi a primeira mulher no Brasil a romper os limites entre os espaços público e privado publicando textos em jornais, numa época em que a imprensa nacional começava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos.
O primeiro livro escrito por ela e o primeiro no Brasil a tratar dos direitos femininos à instrução e ao trabalho intitula-se: "Direitos das mulheres e injustiça dos homens", e foi inspirado no livro da feminista inglesa Mary Wollstonecraft: Vindications of the Rights of Woman. Mas Nísia não fez uma simples tradução, ela se utiliza do texto da inglesa e introduz suas próprias reflexões sobre a realidade brasileira.
              Foi com esse livro que ela recebeu o título de precursora do feminismo no Brasil e na América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções. Mas ela não parou por ai. Em outros livros continuou destacando a importância da educação da mulher e da sociedade. São eles: Conselhos a minha filha, de 1842; Opúsculo humanitário, de 1853; A Mulher, de 1859.
                O pseudônimo escolhido revela sua personalidade e opções existenciais: Nísia, diminutivo de Dionísia; Floresta, para lembrar o sítio Floresta; Brasileira, como afirmação do sentimento nativista; e, Augusta, uma homenagem ao companheiro Manuel Augusto. Em 1828, Nísia Floresta já separada do primeiro casamento feito aos 13 anos, vai morar com um acadêmico da Faculdade de Direito, Manuel Augusto de Faria Rocha, de Goiana e com ele ela tem uma filha: Lívia Augusta de Faria Rocha, companheira das viagens pela Europa e sua futura tradutora, um segundo filho que nasce morto em 1832 e teve um terceiro filho-homem, algum tempo depois.
              Neste mesmo ano Manuel Augusto conclui o bacharelado em Direito e transfere-se com Nísia, a filha Lívia, a mãe e as irmãs de Nísia, Clara e Izabel, para Porto Alegre (RS).  Volta para Pernanbuco e se dedica a um jornal dedicado às senhoras pernambucanas do tipógrafo francês Adolphe Emille de Bois Garin, começa aí a escritora. Durante trinta números do jornal (de fevereiro a abril), Nísia colabora com artigos que tratam da condição feminina em diversas culturas, com conselhos, depoimentos e criticas ao tratamento que as mulheres tinham dos homens.
               Em 1833 seu marido Manuel Augusto morre repentinamente, aos vinte e cinco anos, deixando-a com os dois filhos pequenos. A dor por esta morte prematura e as saudades de mulher apaixonada refletirão em seus escritos, como um testemunho a fidelidade ao companheiro morto. Nísia decide permanecer em Porto Alegre, dedicando-se, sobretudo, aos filhos e ao magistério.
               Em 1837 novamente no sul, Revolução Farroupilha, o clima na capital gaúcha fica tenso e difícil para uma mulher, chefe de uma família composta por crianças e outras mulheres. E Nísia Floresta transfere-se para o Rio de Janeiro. No ano seguinte estampa no Jornal do Comércio um anúncio do estabelecimento de ensino que estava inaugurando, o "Colégio Augusto", em homenagem ao companheiro desaparecido.
               Em 1846 é publicado no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, a lista das alunas que receberam menções honrosas do Colégio Augusto e a relação dos examinadores em diversas disciplinas. O nome de Lívia Augusta de Faria aparece como uma das premiadas em latinidade. No mesmo dia, em outra coluna, temos o testemunho de um dos examinadores elogiando as alunas e a diretora, Nísia Floresta. Mas as perseguições começam, anonimamente, no Jornal do Comércio, criticas severas sobre as propostas educacionais avançadas e inadequadas às meninas.
                No entanto a sua atuação não foi só a favor das mulheres. Em 1849, publica Primeira edição de "A Lágrima de um Caeté", sob o pseudônimo de Telesilla. O poema de 712 versos trata do processo de degradação do índio brasileiro colonizado pelo homem branco e do drama vivido pelos liberais durante a Revolução Praieira, reprimida em Pernambuco em fevereiro deste mesmo ano.
              Em 1849, dia 7 de setembro, Lívia sofre um acidente ao cair de um cavalo e o médico, após semanas de tratamento, aconselha mudança de ares. Nísia Floresta resolve, então, ir para a Europa com os dois filhos, o que faz em 2 de novembro a bordo da galera francesa Ville de Paris. Para muitos, a saúde da filha foi apenas o pretexto para ela se ausentar do país. Com efeito, a campanha difamatória nos jornais e o sucesso do livro elogiando os liberais eram motivos suficientes para a escritora se sentir pouco à vontade na Corte.
               Apesar de a autora estar residindo em Paris, é publicado em Niterói um romance histórico "Dedicação de uma amiga",  1850,  livro considerado o primeiro romance escrito por uma norte-rio-grandense, segundo os historiadores. Nísia Floresta assiste as conferências do Curso de História Geral da Humanidade, ministradas por Auguste Comte. Veio a se tornar uma grande amiga deste pensador positivista, inclusive o recebendo em sua casa em Paris.
              Mas ela não pára e publica em 1853, Opúsculo Humanitário, sobre a educação da mulher, nele a autora combate o preconceito e condena os erros seculares da formação educacional da mulher, não só no Brasil como em diversos países.
              Em 1856 Nísia Floresta segue para a segunda viagem à Europa. Augusto Américo permanece no Rio, estudando. Só após dezesseis anos tornará a ver a paisagem carioca de que tanto gostava, bem como os parentes que ficavam no cais. O Colégio Augusto anuncia pela última vez seus cursos e, após dezoito anos de funcionamento, fecha definitivamente suas portas.Pressionada pela família em 1871 e desgostosa com os conflitos da Comuna em Paris, Nísia vende seus pertences em Paris e volta ao Rio de Janeiro. Lívia não a acompanha e permanece na Europa. Em 1872, a Revista O Novo Mundo, de J. C. Rodrigues, de New York, traz uma extensa notícia biográfica da autora acompanhada de um retrato, que contribui para torná-Ia ainda mais conhecida. Em 1872, após dezesseis anos no exterior, Nísia desembarca do vapor inglês "Neva", no Rio de Janeiro. Fica pouco aqui em sua terra, pois pouco mais de dois anos Nísia Floresta retoma à Europa.
                 Morre em 1885, 24 de abril, numa quarta-feira de muita chuva, às nove horas da noite, Nísia Floresta Brasileira Augusta morre vitimada por uma pneumonia. Dias depois, é enterrada num jazigo perpétuo no Cemitério de Bonsecours. Em 1888 - o Centro do Apostolado do Brasil publica Sete Cartas Inéditas de Auguste Comte a Nísia Floresta, no Rio de Janeiro. Mulher preocupada com os problemas políticos e sociais de sua época refletidos em seus textos sobre o modo de vida, a história e as manifestações culturais da vida das mulheres, dos índios e dos negros.
                 Nas palavras de Câmara Cascudo, Nísia Floresta era "a grande ave de arribação, cujas asas não cabiam nos limites do ninho..." (A República, Natal, 17/01/1940).
                  Mas em 1933, no Rio de Janeiro, Roberto Seidl publica o opúsculo: Nísia Floresta 1810/1885- A vida e a obra de uma grande educadora, precursora do abolicionismo, da República e da emancipação da mulher no Brasil. Em 1953, através da lei n° 1892, de 23 de junho de 1953, o governo brasileiro fica autorizado a fazer a trasladação de seus restos mortais para o Brasil. Desde 1954, 12 de setembro, os restos mortais descansam em Papari que, aliás, já se chamava Nísia Floresta. Desde então, Nísia repousa no mausoléu construído em sua homenagem, próximo do local da antiga residência do sítio Floresta.




COMO É BOM TER IRMÃOS!

            Dizem que amigos nós escolhemos, mas os parentes nos foram dado por Deus. E é nesta premissa que acredito. Sou a mais velha de onze irmãos e os vi nascer e crescer, isso tornou a nossa família, para mim, um “tesouro imensurável”. Acho que eles nunca entenderam este amor!
           Quando éramos crianças, nossos pais, por vezes, não entendiam e nem aceitavam lá em casa as brigas entre irmãos. Só quando amadurecemos que compreendemos que isso era um forte canal com grandes potencialidades educacionais na família. Ás vezes, os pais temem em resolver todas as dificuldades dos filhos durante esses conflitos, mas se esquecem que a briga é natural. Isso era bom para nós, para os irmãos era fonte de aprendizagens e preparo para a vida, ajudando a cada um a aprender a resolver os problemas no mundo lá fora.
         Tenho seis irmãos homens. Certa vez houve uma briga no quarto entre eles e os três mais velhos, quase mataram os dois mais novos. Vou contar-lhes:
Havia um programa de televisão chamado “Telequete”, onde os participantes praticavam luta livre e um, entre os lutadores, se destacava como herói de meus irmãos mais velhos: Henrique, Anchieta e Luiz - Ted Boy Marino. Quando terminava o programa e que eles iam dormir, antes, resolviam praticar a luta no quarto e pegavam os mais novos. Resultado: eles apanhavam, Armindinho, Cláudio e Rui. Certa vez, Rui bateu a cabeça na parede e quase desmaiou. Minha mãe descobriu o que acontecia e proibiu a TV.Mas os pais precisam ter paciência para com esse tipo de situação. Na verdade os irmãos aprendem muito um com o outro. Embora muitas vezes eles recorriam à intermediação de minha mãe, na grande maioria da vezes, o mais eficaz era que eles próprios resolvesses seus conflitos. Aprendiam muito uns com os outros. As brigas eram constantes, natural. Isso ajudou na convivência e no enfretamento de dificuldades. Mas eles não só brigavam, se divertiam, disputavam no futebol, nadavam quase a tarde toda na piscina do Social Clube, brincavam muito,
           Numa família numerosa como a nossa, problemas eram normais. Eram onze filhos e todos diferentes uns dos outros. Quando eu tinha dezesseis anos comecei a dar aulas no bairro Jacuí em Monlevade, aos dezessete fiz teste para a Belgo Mineira, hoje Arcelor Mittal e comecei a trabalhar como secretária para ajudar meus pais. Eu quase não ficava mais em casa, saia às 7 horas da manhã e voltava às 22,30 horas depois da escola noturna, onde eu terminava o curso de magistério, Colégio Kennedy. Mas continuava a ajudar a minha mãe na educação de meus irmãos, pois nos intervalos que chegava em casa, minha mãe me dizia quem havia feito “o quê” e lá ia eu chamar a atenção e conversar com meus irmãos.Aos sábados era uma diversão! Eu estava encarregada de dar banho nos seis. Levava-os para o banheiro, enfileirava todos, o primeiro era ensaboado, passava para debaixo do chuveiro e próximo se aproximava. Era muito bom!
Tudo aconteceu foi normal e importante. Os meninos brincavam muito e nossos pais não proibiam as brincadeiras. Meu pai era rigoroso? Era. Mas numa família com tantas crianças acho que ele não encontraria outro caminho a seguir. Fomos criados debaixo de muita disciplina, respeito, honestidade, religião e simplicidade.
           À noite, “os seis” brincavam na Vila Tanque de pique de esconder, polícia e ladrão, de bola e aprontavam. Certa vez Rui fugindo da “polícia” caiu no muro lá de casa e quebrou o braço, fratura exposta, teve que ser operado e levou parafuso no braço. Todos os meus irmãos, acho, eram muito agarrados comigo. E aos vinte anos me casei e Rui foi morar comigo no bairro Satélite. Eu dava aulas na Escola do bairro e ele foi para me fazer companhia. Morou comigo um ano, no final do ano de 1971, meu pai não deixou mais porque ele não queria mais ir lá para casa. E os outros? “Fugiam”. Iam lá para casa ficar comigo a tarde toda. Tempo bom aquele! Porque descobri que não é só importante termos irmãos, mas sermos irmãos de verdade uns dos outros, apesar da distância geográfica e do tempo.
          Problemas? Existiam. Traumas? Temos muitos. Mas que família não os tem?
Nossa mãe sempre foi fantástica! Cuidava desta prole grande, além de parir quase todo ano. Não me lembro de ter comido, nem uma vez nesta vida, arroz com feijão puro, pois ela sempre preparava algo diferente para nós, nem que fosse samambaia do mato ou maria-nica.
            Hoje percebo a vantagem da família grande! É muito bom!... Pois entre nós, os filhos, aprendíamos a nos desdobrar em esquemas de ajuda domésticas, que desenvolveram o nosso sentido de cooperação. As atividades eram repartidas e os encargos familiares ficavam menos pesados. Isso nos ensinou a ter responsabilidades, fomos ensinados com isso a sermos generosos com os demais membros da família e com os outros de fora, pelo exemplo de nossos pais, aprendemos a caridade e o acolhimento dos outros. Aprendemos a nos sentirmos úteis e laboriosos. Nosso pai marcava hora para começar a arrumar a cozinha, por exemplo, e hora de terminar e tínhamos que fazer e bem, senão nossa mãe chamava para fazer de novo. E aí parávamos a brincadeira que estávamos fazendo no quintal de nossa casa na Rua Tabajaras e fazer tudo de novo. Era divertido.
           Nas brincadeiras crescemos e nos protegíamos. Aprendemos a compartilhar e a valorizar os poucos brinquedos que ganhávamos, as roupas e o espaço, pois os recursos eram poucos e tinham que ser divididos. Eu me tornei muito autônoma e adaptável ao mundo. Não há nada na vida que substitua um irmão, nem mesmo a oportunidade de ser rico, estudar em uma faculdade particular, entre outras coisas.
Descobri na luta diária pela vida, que todas as arestas rugosas de nossa personalidade, nossos irmão as poliram, pelo simples fato de existirem e de tornarem a nossa vida uma pequena amostra do que encontraríamos como adultos e nos tornamos, em aspecto positivos e negativos, a panela efervescente da vida, borbulha alegria e prazer e o “fazer” valeu a pena.
              Há quem não entenda os irmãos! Será porque, quando amadurecem, apesar dos anos anteriores de entrevero, os irmãos se afastam, não se entendem e não se respeitam tanto. Não seria, também, por falta de reconhecimento das diferenças? Não seria por falta de aceitar os outros como são? Pois se chegamos a crescer juntos como seres humanos e a desenvolver virtudes quando crianças, será que não temos que ser muito gratos aos nossos irmãos? Qualquer que tenha sido a diferença de idades em relação à nossa, fomos protagonistas indispensáveis em nossa formação, em nossa vida.
Lendo certa vez o livro: "Mulheres que Correm com os Lobos", Clarissa Pinkola, observei que algo me chamou a atenção: "Dizem que tudo o que buscamos, também nos busca e, se ficarmos quietos, o que buscamos nos encontrará. É algo que leva muito tempo esperando por nós. Enquanto não chega, nada faças. Descansa. Tu verás o que acontece enquanto isto.” Amo demais vocês, meus irmãos.

VERA DA MATA

VC, 26/05/2011

GENTE... EU VI!





O sol nascer e a lua chegar,
Vi tantas coisas que ainda sei...

Eu vi a guerra fria.
A guerra do Vietnã.
A morte de Kennedy.
A revolução de 64
E os generais tomarem conta do Brasil.
O fim dos Beatles,
A morte de John Lennon.

Vi também a prisão de Mandela
E o fim do apartheid.
O preconceito racial
E a morte de Martin Luther King.
Mas ainda vi o fim do comunismo,
E a queda do muro de Berlin,
Vi tsunamis, terremotos,
Enchentes, secas  e mortes.

Mas o que melhor vi:
A chuva na montanha.
Vi o olhar de minha mãe!
A caminhada de meu pai!
O nascimento de meus irmãos
E a chegada de meus filhos.

Vi o rio que corre sem parar.
O bater das ondas do mar.
O coaxar dos sapos.
O vôo dos pássaros.
As brincadeiras de meus netos
E o brilho do seu olhar!

VERA DA MATA
VC, 26/5/2011

domingo, 29 de maio de 2011

ESPELHO DE MIM MESMA



Sou espelho de mim mesma!
E meu eu reflete no espelho.

O espelho me reflete!
Meus olhos são estranhos
Estão distantes!...
Não são mais os mesmos.
No espelho eles são corajosos
E esparançosos.
Fora do espelho são medrosos
E solitários.

Ninguém vê a sua tristeza!
Ninguém vê sua dor!
Somente o espelho os veem...
Quando do espelho eu me afasto,
Lá ficaram os olhos lá refletidos,
Cá ... a dor de sua imagem!

Guardo meu olhar de criança,
de adolescente e de adulta,
guardo o olhar de mim mesma.
Guardo o tempo
E o vento que por mim passaram.
Guardo a imagem apagada de mim mesma!

Espelho, espelho meu!
Em que estrela foi parar os olhos meus?

Vera da Mata

VC, 05/05/2011