quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O que é Solidão? Eu tenho e você?



Eu cercada de marido, filhos e uma neta, Ariel...


Só. Solidão. Frio. Chuva. Noite. Inverno. Tristeza. Deserto.
Não importa o que você sente, sempre é muito triste viver só no meio da multidão. Ela não tem nada a ver com casa cheia de gente, ser casada ou solteira, ser extrovertida ou introvertida, ela vem, se instala e não vai embora.
Agora neste dias com o mundo cada vez mais globalizado, com as tecnologias de ponta, que as facilidades de encontros mais fáceis, a maioria está cada vez mais sofrendo deste mal do século XXI. Ela sempre chega em forma de saudade.
Temos hoje em dia: celulares, internet, TVs, fotologs, skype, computadores, Orkut, MSN, etc, e uma lista interminável de amigos virtuais ou não, mas sempre sozinhos.
Há alguma coisa que preenche o vazio da solidão? Ela está dentro e fora de minha vida. Repica como um eco interior e cria um abismo intransponível entre todos ao meu redor.
Para acabar com ela, o primeiro passo seria criar pontes para superarmos e chegarmos do outro lado de nós mesmos.
Somos observadores de nossa vida! Estamos sempre olhando, acusando, desejando, apontando, amando, odiando, rindo e chorando por e de nós mesmos.
Será que a solidão tem saída? Será que podemos construir e usar as nossas pontes?
Estamos num emaranhado de ilusões, de corridas vãs que só fazem confundir liberdade e amor-próprio com egoísmo e individualismo.
Olhamos constantemente para o outro, mas será que o enxergamos? Será que o vemos com o coração? Será que percebemos também a sua solidão, as suas tristezas e sua dor? Devíamos acabar com essa mania irritante de acreditar que o outro é o causador dos fatos em nossa vida.
Devemos olhar o outro com um pouco mais de propriedade, estou certa de que a solidão acabará para sempre, porque seremos uma boa companhia para nós mesmos e para o outro.
Mas enquanto não construo a minha ponte, acredito que somos todos sozinhos, fechados em nossa concha pessoal.

Vera da Mata

VC/setembro /2010

Porque as crianças não brincam mais?






Fotos de minha infância...eu aos 4 e 1 ano de idade ...


Não vejo hoje as crianças brincando. Elas ficam de frente a TV, do videogame ou do computador. Ficaram para trás todas aquelas brincadeiras antigas e divertidas de quando éramos crianças.
Quando morávamos na Tabajaras, à tarde, depois do jantar, nossas mães sentavam para conversar, enquanto nós, crianças, brincávamos de inúmeras brincadeiras na rua. As meninas brincavam de passa-anel, amarelinha ou corda, enquanto os meninos jogavam bolinha de gude, pião ou faziam cabo de guerra. A gente também se reunia na “terra” onde brincávamos de soltar pipas, de fincas, esconde-esconde ou de pique-pega.
Quem da minha geração não se lembra de corre-cutia, céu-inferno, amarelinha, cabra-cega, barra-manteiga, de lojinha, de comidinha e das enormes rodas com as cantigas intermináveis?
Era comum entre nós armarmos um “fogãozinho de lenha” no quintal, (tínhamos até a trempe) fazíamos comidinhas e era uma farra. Era eu, Marinilse, Vanda, Carlos, Sônia, minha irmã e meus irmãos mais novos. Fazíamos arroz, ovo, fritava batata e passarinho. Sim... passarinho! Carlos, meu irmão de criação, os pegava e eu os fritava...Certa fez ele não conseguiu pegar nenhum, então resolvemos fritar um pintinho que a galinha “índia” de minha mãe havia chocado. Ela ficava brava. Mas não tinham mais jeito... já tínhamos comido.
Quantas e quantas vezes, meu pai cortava as cordas de cipó no mato para que não corrêssemos o risco de nos acidentar. Mas nós, teimosamente, arranjávamos outra e gangorrávamos a tarde toda. Era uma maravilha!
E quando chovia e a terra ficava escorregadia e molhada? Arrumávamos uma tábua, pregávamos outra ao contrário e descíamos o morro do quintal. Tínhamos que parar na bananeira ou no pé de manga-rosa, porque senão caíamos lá embaixo, num barranco de quase 3 metros, com a tábua em pé nas nossas costas. Como era bom! E as bicas que formávamos com a água de chuva? Que criança, hoje em dia, brinca desta forma?
Outra coisa que fazia parte de minha infância era procurar ninho de galinha no mato. Minha mãe criava galinhas soltas no quintal, de vez em quando alguma sumia. Era hora de procurar. Quando ela chegava para comer, minha mãe a prendia e quase na hora, ela a soltava e a galinha saia doida para ir para o ninho botar. Nesta hora eu a seguia e acabava achando o ninho, cheio de ovos ou de pintinhos. Um dia consegui encontrar um ninho, cheio de pintinhos de galinha-índia, brava, coloquei os pintinhos no vestido e saí correndo morro abaixo. Chegando lá embaixo soltei e a galinha veio em cima de mim. Como era divertido!
Sônia, minha irmã, tinha como padrinho “Zinho Glostora”, quem não o conhece em Monlevade? E todo ano, no natal, ele levava brinquedos para ela. Era a única lá em casa que tinha brinquedo. Certo ano, pedi a meu pai uma boneca de papelão. Sônia resolveu dar banho na minha boneca, enquanto eu não estava em casa. Quando cheguei e vi a minha boneca “derretida”, quase morri. Peguei o joguinho de quarto que ela havia ganhado e quebrei no martelo. Resultado: apanhei!
Tempo bom de nossa infância!
Hoje em dia as brincadeiras estão sendo esquecidas pela garotada. "Antigamente”, as crianças se divertiam mais e conviviam com outras crianças. Não tínhamos roupa cara e nem brinquedos manufaturados, mas a nossa diversão era garantida. Brincar fazia parte do nosso desenvolvimento infantil.
É preciso que os adultos hoje, deixe de usar a TV ou vido-game como babás de seus filhos e netos. Devem procurar levar a criançada às brincadeiras para fortalecer os laços humanos. Os pais e avós não podem se esquecer de sua própria infância. Esse resgate é ideal para dar mais alegria à vida, pois é o elixir da saúde no meio da correria diária. E as crianças que não brincam têm tendências às depressões, são menos criativas e têm dificuldade de se socializar. Brincar ajuda a desenvolver melhor a imagem, o esquema corporal e outras habilidades, como coordenação motora, exploram o movimento, o equilíbrio, o respeito às regras e o lado intelectual.
Vale a pena o esforço! Quando resolverem sentar com os pequenos, façam isso de coração. Vocês vão ver como a brincadeira vão ficar muito mais divertida!

Vera da Mata

Vit. Conquista, dezembro 2009

Minhas tentativas de escrever...





DO TÉDIO À ALMA

Tédio – taça de dor,
Dor – caminho do êxtase,
Êxtase – sonho dormido,
Sonho – riqueza da vida,
Vida – esperança de futuro,
Futuro – destino do oculto,
Oculto – perfeição da ilusão,
Ilusão – enlevo da alma.

Vera da Mata
Vit. Da Conquista, 29 de agosto de 2010.








VIDA
SONHOS
OCULTOS NA ALMA.


ALMA
ANSEIOS
INTERCALADOS DE ESPERANÇA.


ESPERANÇA
OCULTOS...
NA DOR E NO AMOR.



AMOR
PRESENTE
NA ALEGRIA E NA VIDA.



VERA DA MATA
30/8/2010









REFLEXOS


Sessenta voltas parecem um sonho
Entre o sol e as estrelas,
Intercalada de emoções, espinhos
E pesadelos.
Nossa vida anseia
Por amor
E não dor,
Que andam ocultos nas conquistas
E fracassos.
Fracassos das mãos.
Fracassos na morte.
Sem conforto da dor,
Sem conforto na flor.

O maior prazer da vida!
É sentir a fome do espírito,
A sede do coração!
Só assim daremos voltas
E o espírito não passa fome,
Não voa no espaço dos sonhos,
E o coração não sente a sede de nada.

Vera da Mata, 31/08/2010

SIMPLESMENTE MARIA

Minha vida sempre foi intercalada de brincadeiras em casa, no quintal e na escola na companhia de uma MARIA . Junto com meus irmãos tivemos uma infância recheada de rodas, piques-esconde, pipas, gangorras de cipó, comidinha no quintal. Mas a vida nos apresenta estradas e me separou de minha MARIA. Mãe amorosa, responsável que fez tudo que podia para sermos felizes e crescessemos saudáveis e fortes. E neste caminho que ando, na medida que amadureço, começo a enxergar a dor e a solidão de minha mãe. Ela não nos proibia de brincar, fosse no quintal, dentro de casa ou na rua, bastava que para isso meu pai não estivesse em casa. Mas apesar de seus esforços crescíamos entre brigas e discussões. Eu repudiava as brigas, os medos e a solidão dela. E neste ambiente ambíguo, ou seja, de duas vertentes: de um lado a honestidade, a religião, a disciplina, do outro, a gritaria, os excessos e a solidão de minha mãe. A angústia era a minha companheira constante! Angustia do medo! Angústia do choro de minha mãe com uma fralda nos ombros, sentada à janela com seu olhar triste e distante! Angústia do domínio. Assim cresci num ambiente nebuloso de sonhos interrompidos. A pequena pessoa que estava em mim vivia angustiada por não poder ajudar além do pouco que fazia, eram controvérsias e hereditariedade que lutavam em mim, às vezes, ganhava a solidão, às vezes a injustiça. Sempre admirei a minha mãe. Mulher sem estudo. Guerreira. Lutadora. Humilde. Sempre inteligente, tinha resposta para tudo na vida. Quando eu estava adolescente e trabalhava na Belgo-Mineira, na hora do almoço, sentávamos no meu quarto e conversávamos. Ela tentava se desabafar, contar as suas desilusões e eu sem experiência da vida não a compreendia totalmente, apesar de saber que ela tinha todas as razões de queixa deste mundo. Hoje sinto o que ela passou. E ainda bem que Deus permitiu que ela vivesse alguns anos além da desilusão, para realizar alguns de seus sonhos. Pois, quando eu tinha 15 anos, por exemplo, eu queria ser freira, ir para um convento. Hoje penso que foi melhor para mim e para a sociedade eu não ter ido. Se eu me tivesse me tornado freira, não teria tido os meus filhos e não teria vivido a vida que vivi. Não teria visto a minha mãe envelhecer. Que bom que a minha mãe é a pessoa que é! Arrependimentos! Tenho muitos... muitos mesmos. Se eu pudesse voltar a minha vida atrás, certamente, metade do que fiz, não faria. Os anos passaram. Sol e luas se encontraram. A vida se transformou numa fotografia amarelada pelo tempo, sem dedicatória. E minha mãe se transformou numa anciã de cabeça branca! Linda! Cheia de experiência e sem paciência com as voltas na vida. Ela passou por muitas auroras e por muitas noites em sua solidão. Quando ela era criança, sua mãe morreu, ela tinha apenas 11 anos. Pequena, órfão de mãe, recebeu como herança do pai apenas o amor e o carinho dispensados a ela, além do nome. Meu avô, carpinteiro de mão cheia, homem bondoso de olhos azuis, baixinho, gordinho, de voz suave e grave, era o encanto de sua vida. Amor eterno! Viviam num casebre humilde na Pedreira em Monlevade. Ainda criança, tomava conta da casa, juntamente com uma irmã de criação, Nazinha e de meu avô e meus tios Inhô e Jacy. Entre sofrimento, ilusão e saudade ela tornou-se uma moça alegre e comunicativa, apesar da dor. Mas meu avô casou-se de novo. Isso despertou o seu ciúme e saudade. Sua mãe estava sendo substituída. Impossível. Entrava em sua vida uma mulher diferente e desconhecida que se tornaria da noite para o dia em sua madrasta. Não queria que ninguém ocupasse o lugar de sua mãe Enedina Linhares de Souza, mulher que foi embora com 33 anos de idade. Mas a vida lhe pregava mais uma peça e os anos de convivência com esta nova pessoa lhe havia de trazer muita dor e brigas. Ainda bem jovem foi trabalhar numa fábrica de tecidos em Alvinópolis. Quando chegava não tinha o pai só para si mais, mas tinha que dividi-lo com mais alguém, mais alguém, mais alguém... Ela havia se desabrochado longe de sua mãe! Agora era obrigada e crescer ao lado de uma mulher que mal conhecia e que havia tomado o lugar da pessoa que mais amou na vida. Dessa forma as agitações da vida a fez exilada em seus sentimentos, em seus maiores sonhos! A solidão tornou-se a sua companheira. Mas seu caminho de sofrimento havia, pouco a pouco, de se modificar, pois conhecera meu pai e com ele iria viver seus próximos quase 60 anos. Teve onze filhos. Esperança. Ilusão. Solidão. Ela sempre sorriu com sorriso manso e triste. Só uma vez a vi rir às gargalhadas e contar uma piada. Jamais me esquecerei daquele dia em que ela ria e não conseguia acabar de contar a anedota. Morava em Monlevade, no bairro República. Assim sempre foi Maria Souza da Mata, antes Maria Linhares de Souza, ou simplesmente Maria de Armindo, ...MARIA...tudo aconteceu com ela. Parece que foi só um minuto. Ma já fazem 83 anos. Vera da Mata Vitória da Conquista, 20 de setembro de 2010.

Pensamentos e reflexões...

"Não conte a ninguém tudo que se passa ou sente em sua vida. Pois se foram coisas boas não acreditarão e se forem coisas ruins acreditarão prontamente." Vera da Mata



"Não pense no fracasso! Esquece as mágoas! Nem sempre é fácil. Eu decidi que a minha vontade de vencer será sempe mais forte do que minha angústia."
Vera da Mata

"Cuidado com a única vida das pessoas que passam pela sua única vida. Cuide delas, pois assim preservará o que há de melhor em você: o amor". Vera da Mata


"A maior dor que sentimos não é a solidão, mas é a presença e a indiferença da pessoa amada. Pois o amor quando vai embora, leva também a convivência e deixa ausência, fisica e espiritual".
Vera da Mata





SESSENTA VOLTAS AO REDOR DO SOL


Foi num dia de sol muito forte e em pleno verão que vim ao mundo. Era no dia 14 de janeiro de um ano qualquer, cheguei a este mundo logo depois do término da segunda guerra, num planeta modificado e destruído pelos seus próprios habitantes, com reflexos bastante visíveis até os dias presentes.
Já dei sessenta volta ao redor do sol, não sei quantas vezes já vi a lua cheia nascer, se por, ir embora e surgir novamente.
Sessenta vezes acompanhei o nosso planeta na sua trajetória anual. Acompanhei as estrelas em todos seus movimentos. Vi a Três Marias brilharem e piscarem para mim. Olhava-as desde criança com olhar de quem pergunta o segredo da vida e da morte, da luz e da escuridão, de todos os mistérios. Minha alma nas sessenta vezes que fiz esta viagem, indagou sobre os segredos dos ventos e flores. Há sessenta anos o vento escreveu uma palavra a meu respeito neste mundo terrível e estranho. Não sei qual foi, mas sei que ainda tento desvendar este mistério para descobri-lo.
O dia que nasci ergue-se em mim como uma cortina que me cerca, que me sufoca, que faz minha alma procurar a alegria e a tristeza, o amor e o ódio. São recordações que tumultuam a minha existência, que me impedem, às vezes, de seguir em frente. Meu pensamento percorri os quatro cantos do mundo e me envolvem com uma saudade tão grande, que meu coração chega a doer. Dor de solidão. De recordações. De pessoas que se foram de minha vida. Os rostos pálidos que ficaram na minha lembrança, enrugados pelo tempo só alimentam esta minha sensação. Mas vejo-os, novamente, em mim numa melodia triste e melancólica.
Nestas sessenta voltas, as mesmas pessoas e coisas que amei quando criança continuo a amar, apesar da distância e do tempo. Pessoas novas surgiram. Continuarei a amar até o fim de minha vida. O amor para mim é tudo. O amor é o segredo da boa vida. Amor pela minha linda mãe, que muito amou e sofreu nestas suas oitenta e três voltas ao redor do sol. Amor incondicional e de aceitação total pelo meu pai, pelas suas poucas e corridas setenta e sete voltas, que poderia ter percorrido a sua viagem em mais voltas, mais a sua pressa em correr o fez parar.
Amor eterno pelos meus irmãos, todos, desde Sônia, Selma, Zarinha, Henrique, Anchieta, Luiz, Armindo, Rui, Cláudio e Renata, cada um com a sua quantidade de voltas na sua viagem ao redor do sol e das estrelas, na sua afobação pela vida, na sua corrida atrás do sol e do vento, na criação dos filhos, no respeito pela vida e pela família. Exceto, meu irmão Luiz que desistiu de sua viagem na sua quadragésima terceira volta, apeando da vida e dos sonhos. Este amou a morte e desejou-a muitas vezes por falta de coragem para ir em frente, ele a chamava com voz suave da bebida.
Amor incondicional aos meus filhos: Elaine, Andreia, Denise e Marcelo. Eles contribuíram imensamente para aumentar a minha paixão por tudo e desenvolver a minha ternura e carinho. Desejei-os. Esperei-os. Criei-os. Amei-os com todos os seus defeitos e qualidades, com todos os seus sonhos e ilusões.
Enquanto eles cresciam, alicercei a minha felicidade. Pois cada manhã eu me sentia mais feliz e preocupada por tê-los ao meu lado como sombra transparente de mim mesma. Não sei acertei ou errei, sei que fiz o melhor de mim mesma. A minha alma sempre sussurrou “A felicidade nasce e cresce dentro e fora de mim”. E quando abri os olhos para enxergar a minha felicidade vi quatro espelhos de mim mesma, cada um do seu jeito.
Assim se passaram as sessenta voltas ao redor do sol, não sei quantas viagens ainda farei, mas seja quantas forem as farei valer a pena. Sei que daqui para frente meus dias se esgotarão depressa, assim como as folhas caem das árvores no outono, eu sairei da vida. Fraca e silenciosamente. Minhas estações já produziram algumas coisas e espero que sejam para a perpetuação da vida.
Hoje, somente medito e relembro da viagem que já fiz, da distância que percorri. Olho para todos os lados e vejo a realização de meu passado que merece ser apontados diante do sol. Produzi pessoas, amor, ilusão, todos feitos de linhas emaranhadas na vida, como um algodão doce! Foram feitos também de esperança de luas harmônicas e felizes. Semeie meus pensamentos, meu amor, meu carinho, meus sois, minhas estrelas em meus sonhos e emoções, como um semeador enterra as suas sementes na terra e espera a frutificação. Semei na esperança no meu coração meio desiludido pela vida.
Sento-me, muitas vezes, num banco de meu quintal e medito sobre a beleza das plantas, dos bichos e do espaço, cheio de imagens e de tesouros perdidos e escondidos, maravilhas sempre em movimento, sempre espumante como a onda do mar. Olho para a vida e vejo que ela é bela. Todos os elementos dela são governados por leis imutáveis que determinam a sua atração ou repulsão nos movimentos na sua volta ao sol. Vejo todas as coisas, medito e me lembro que nas minhas sessenta voltas ao redor do sol, nos elementos visíveis e invisíveis que se passaram por ela, sei que a insondável vida está a minha espera. Sinto a movimentação e um ruído de sons e harmonias que interferem nas minhas viagens.
As asas de minha imaginação voam e voltam, chegam e vão. Elas vão ao céu e chegam ao inferno e retornam sempre com um pouco mais de mim mesma. E quando vou, as minhas mais profundas sensações e questionamentos voltam sem luz, sem sol e sem estrela!
E agora atinjo uma etapa de minha vida que aparece como um nevoeiro que, às vezes, me impede de ver o sol e as minhas estrelas que tanto amo. Nevoeiro de lamentações. Nevoeiro de ilusão. Nevoeiro de promessas. Meu coração bate. Reclama. Ri. Mas insiste de cabeça erguida a viver nas nuvens na esperança de descobrir o sol e continuar nas minhas voltas até me cansar.

Vera Lúcia da Mata Lula
Vitória da Conquista, 20 de setembro de 2010.