quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Porque as crianças não brincam mais?






Fotos de minha infância...eu aos 4 e 1 ano de idade ...


Não vejo hoje as crianças brincando. Elas ficam de frente a TV, do videogame ou do computador. Ficaram para trás todas aquelas brincadeiras antigas e divertidas de quando éramos crianças.
Quando morávamos na Tabajaras, à tarde, depois do jantar, nossas mães sentavam para conversar, enquanto nós, crianças, brincávamos de inúmeras brincadeiras na rua. As meninas brincavam de passa-anel, amarelinha ou corda, enquanto os meninos jogavam bolinha de gude, pião ou faziam cabo de guerra. A gente também se reunia na “terra” onde brincávamos de soltar pipas, de fincas, esconde-esconde ou de pique-pega.
Quem da minha geração não se lembra de corre-cutia, céu-inferno, amarelinha, cabra-cega, barra-manteiga, de lojinha, de comidinha e das enormes rodas com as cantigas intermináveis?
Era comum entre nós armarmos um “fogãozinho de lenha” no quintal, (tínhamos até a trempe) fazíamos comidinhas e era uma farra. Era eu, Marinilse, Vanda, Carlos, Sônia, minha irmã e meus irmãos mais novos. Fazíamos arroz, ovo, fritava batata e passarinho. Sim... passarinho! Carlos, meu irmão de criação, os pegava e eu os fritava...Certa fez ele não conseguiu pegar nenhum, então resolvemos fritar um pintinho que a galinha “índia” de minha mãe havia chocado. Ela ficava brava. Mas não tinham mais jeito... já tínhamos comido.
Quantas e quantas vezes, meu pai cortava as cordas de cipó no mato para que não corrêssemos o risco de nos acidentar. Mas nós, teimosamente, arranjávamos outra e gangorrávamos a tarde toda. Era uma maravilha!
E quando chovia e a terra ficava escorregadia e molhada? Arrumávamos uma tábua, pregávamos outra ao contrário e descíamos o morro do quintal. Tínhamos que parar na bananeira ou no pé de manga-rosa, porque senão caíamos lá embaixo, num barranco de quase 3 metros, com a tábua em pé nas nossas costas. Como era bom! E as bicas que formávamos com a água de chuva? Que criança, hoje em dia, brinca desta forma?
Outra coisa que fazia parte de minha infância era procurar ninho de galinha no mato. Minha mãe criava galinhas soltas no quintal, de vez em quando alguma sumia. Era hora de procurar. Quando ela chegava para comer, minha mãe a prendia e quase na hora, ela a soltava e a galinha saia doida para ir para o ninho botar. Nesta hora eu a seguia e acabava achando o ninho, cheio de ovos ou de pintinhos. Um dia consegui encontrar um ninho, cheio de pintinhos de galinha-índia, brava, coloquei os pintinhos no vestido e saí correndo morro abaixo. Chegando lá embaixo soltei e a galinha veio em cima de mim. Como era divertido!
Sônia, minha irmã, tinha como padrinho “Zinho Glostora”, quem não o conhece em Monlevade? E todo ano, no natal, ele levava brinquedos para ela. Era a única lá em casa que tinha brinquedo. Certo ano, pedi a meu pai uma boneca de papelão. Sônia resolveu dar banho na minha boneca, enquanto eu não estava em casa. Quando cheguei e vi a minha boneca “derretida”, quase morri. Peguei o joguinho de quarto que ela havia ganhado e quebrei no martelo. Resultado: apanhei!
Tempo bom de nossa infância!
Hoje em dia as brincadeiras estão sendo esquecidas pela garotada. "Antigamente”, as crianças se divertiam mais e conviviam com outras crianças. Não tínhamos roupa cara e nem brinquedos manufaturados, mas a nossa diversão era garantida. Brincar fazia parte do nosso desenvolvimento infantil.
É preciso que os adultos hoje, deixe de usar a TV ou vido-game como babás de seus filhos e netos. Devem procurar levar a criançada às brincadeiras para fortalecer os laços humanos. Os pais e avós não podem se esquecer de sua própria infância. Esse resgate é ideal para dar mais alegria à vida, pois é o elixir da saúde no meio da correria diária. E as crianças que não brincam têm tendências às depressões, são menos criativas e têm dificuldade de se socializar. Brincar ajuda a desenvolver melhor a imagem, o esquema corporal e outras habilidades, como coordenação motora, exploram o movimento, o equilíbrio, o respeito às regras e o lado intelectual.
Vale a pena o esforço! Quando resolverem sentar com os pequenos, façam isso de coração. Vocês vão ver como a brincadeira vão ficar muito mais divertida!

Vera da Mata

Vit. Conquista, dezembro 2009

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