quarta-feira, 24 de março de 2010

QUEM FORAM MEUS PAIS?

Texto escrito por Vera da Mata em 2005.



Armindo Jerônimo da Mata nasceu em 30 de setembro de 1926 em Nova Era, MG, casou-se em 28 de fevereiro de 1949 com Maria S. da Mata, nascida em 19 de janeiro de 1929 em Alvinopólis, MG. Chegaram a festejar as bodas de ouro em 1999 no Social Clube na presença de amigos e parentes. Tiveram onze filhos, sendo 5 mulheres e seis homens, sendo que um, Luiz, morreu em 2003.
VOU NARRAR-LHES A VIDA DELES:

Meu pai, filho de meieiro (pessoa que trabalha na roça e planta a meio com o fazendeiro) João Raimundo da Mata e Jovelina dos Anjos de Souza. Meus avós viviam na terra dos outros com grandes dificuldades, e um dia, trabalhando na roça, ela sentiu as dores de parto e sem tempo de ir para casa, deitou-se debaixo de uma mangueira e deu a luz o meu pai.
Meu pai foi crescendo no meio da pobreza e necessidades.
Era um menino bonito, esperto, inteligente e trabalhador, com mais 3 irmãos.
Aos 11 anos, querendo ajudar os meus avós, foi trabalhar na cidade de Nova Era, numa marcenaria, a fim de ajudar no sustento da casa, pois a familia vivia um grave problema financeiro.
Ainda adolescente e com a preocupação constante com a familia, com 15 anos, foi para Conceição do Mato Dentro trabalhar num posto de vigia no meio do mato. Ficava sozinho à noite, onde, muitas vezes, onças arranhavam a porta, fazendo com que o medo lhe invadisse o coração e a mente. Meu avô quando ficou sabendo de sua situação, vendo o seu grande sofrimento o levou de volta, mas ele continuava com a idéia fixa de que tinha que trabalhar para melhorar a vida de todos.
Foi então para Monlevade procurar emprego na Belgo Mineira, começando a trabalhar como carvoeiro, descarregava e carregava caminhões de carvão o dia inteiro.
Como gostava muito de futebol, começou a se entrosar neste meio e se destacou jogando no Metalúsgico da cidade. Ele contava que chegou a ser convidado para treinar no Atlético Mineiro, mas desistiu porque na época eu já tinha nascido.
Algum tempo depois ele foi a Nova Era buscar meu avô, minha avó, Tia Maria, Tia Celina e Tio Joãozinho, onde passaram a morar num barraco simples na Pedreira, bairro localizado no alto do morro onde há muitas pedras até hoje.
Sua diversão de jovem era somente o futebol. Foi obrigado a se tornar adulto antes da hora, pois o sofrimento e a necessidade o levou a isso.
Foi, então, na Pedreira que ele conheceu a minha mãe. Moça inteligente, bonita e alegre, descedentes de portugueses, era também pobre, mas não tanto quanto a familia de meu pai. Filha única entre dois irmãos, criada com muito mimo e cuidado por meu avô: Antônio Justino de Souza, marceneiro, considerado artista na madeira, ela não tinha mãe, pois minha avó, Enedina Linhares de Souza, havia morrido de parto aos 33 anos, deixando-a com 11 anos de idade. Nesta época, meu avô materno, na Pedreira, era considerado rico, tendo a melhor casa; dá para perceber o nível de pobreza que viviam os outros moradores.
Assim, meu pai conheceu minha mãe neste bairro. Certa vez ele me disse que ele ficava com vergonha porque achava que minha mãe fosse rica.
O meu avô sabendo do namoro com meu pai quis deixá-la longe dele, voltou a viver em Alvinópolis, MG, onde minha mãe arranjou emprego numa Fábrica de Tecidos, que até hoje funciona lá na cidade, mas não adiantou muito, pois meu pai foi atrás dela. Minha mãe era uma moça extremamente extrovertida, brincalhona e chamava a atenção de todos pela sua vivacidade. Quando meu pai ia jogar futebol em Alvinópolis, eles aproveitaravam para namorar.
Nesta ocasião havia uma turca que morava na cidade e se apaixonou por meu pai e começou a perseguir e ameaçar a minha mãe para terminar o namoro para ficar com ele, mas meu pai nunca a quis, sempre foi apaixonado por minha mãe. E como minha mãe não era covarde e não aceitava provocação. Um dia a turca estava esperando-a, tentou bater nela, como ela estava com duas colegas, quem acabou apanhando foi a turca que levou uma surra, sendo inclusive jogada dentro de um córrego que passava perto. Mas a rival não desistiu.
Meus pais ficaram noivos e no dia do casamento ela apareceu e jogou lança-perfume nos olhos de minha mãe, visto ser época de carnaval. Minha mãe quis pegá-la, mas foi segurada por meu pai e ela acabou deixando pra lá, porque aquela guerra ela saía vencedora.
O incidente passou e meus pais foram morar em Monlevade, indo a cavalo, numa época de chuva e foram morar na Rua Aimorés, numa casa bem construida se comparada com as outras casas que meu pai havia morado, aí eu e Sônia nascemos.
Nesta mesma época, meu pai havia conseguido outra casa da Belgo e um emprego para Tio Joãozinho, na Rua Tamoios, onde ele colocou meu avô, minha avó e meus tios para morarem, mas ele ainda continuava como arrimo de familia, pois nesta época meu avô estava muito doente e não trabalhava mais, vindo a falecer em 1950 quando eu nasci.
Como meu pai não queria continuar carregador de carvão, fez SENAI e se tornou torneiro mecânico, indo trabalhar na mecânica da empresa.
Meu pai cuidou de minha avó e de minhas tias até o casamento das mesmas.
Quando eu estava com 2 anos e 8 meses a familia mudou para a Rua Tabajaras, 484, e aí os filhos começaram a nascer: chegou Rosarinha, Selma, Henrique, Anchieta, Luiz, Armindo Filho, Rui.
Em 1954 meu pai entrou para a primeira turma do Ginásio Monlevade, se destacando com sua inteligência e esforço. Estudava pela manhã, trabalhava na empresa de 15 às 23 horas todos os dias. O tempo foi passando. Não era fácil, estudar, trabalhar, cuidar de uma familia grande, da mãe e das irmãs. Além do mais meu avô materno havia ficado viúvo de novo e estava morando em nossa casa na Tabajaras, com 4 filhos: Hélio, Carlos, Maria e Rita.
Ainda, quando ele estava estudando em casa, eu e Sônia não o deixávamos em paz, sempre penduradas no pescoço dele. Em 1958 ele se formou.
Assim que se formou foi convidado pela direção do Ginásio, Padre Higino de Freitas, para dar aulas de matemática, pois havia se destacado como execelente aluno. A partir deste dia ele começou a fazer cursos de especializações em matemática, chegando a fazer um espécie de "faculdade à distãncia" em Juiz de Fora. E para melhorar ainda mais a renda da familia ele dava aulas também no Colégio Kennedy de Padre Henriques, Carneirinhos.
Apesar de melhoria na condição de vida, à noite ele dava aulas de alfabetização para adultos, sem cobrar nada, tornando-se conhecido em toda a cidade. Como ele havia melhorado consideravelmente de vida, a Belgo Mineira ofereceu uma casa na Rua Siderúrgica, 44, onde moravam os altos funcionários da empresa, a elite.
Aí na Rua Siderúrgica nasceu Claúdio, meu irmão.
O Ginásio deu a ele, então, a cantina da escola, onde minha mãe fazia pastéis, bolo, café etc, vendendo para os alunos, eu e Carlos (morou dos 8 anos aos 15 anos conosco), meu tio, na época morando com a gente, ajudávamos vendendo na cantina.
Em 1966 mudamos para a Vila Tanque, ele estava agora comprando uma casa grande e confortável para a familia, nesta época nasceu a minha irmã Renata.
SR. ARMINDO AJUDAVA A TODOS, a familia dele, a familia de minha mãe, os pobres da cidade... era um homem muito caridoso. Quando se aposentou em 1979, dedicou-se, exclusivamente, a ajudar os necessitados de Monlevade, construindo barracos junto com o pessoal do São Vicente de Paula.
Em 1994 recebeu, no dia 31 de março, o título de CIDADÃO HONORÁRIO DA CIDADE. Foi sempre um home com H maiúsculo, honesto, sério e direito.Por ocasião de sua morte em 2003, ele deixou viúva, 11 filhos, 25 netos e uma bisneta.
No principio mencionei a Turca. Pois bem: ela continuou durante toda a vida a perseguir meu pai e a querê-lo, mas ele continuou fiel à minha mãe. Um dia em 2001, ela teve a coragem de telefonar de São Paulo convidando-o para ir morar com ela, mas ele a renegou mais uma vez.
Foram um casal de vencedores, apesar de problemas. SAUDADES!

O MAIOR HOMEM QUE EU CONHECI...





ARMINDO JERÔNIMO DA MATA: MEU PAI


Homem de uma personalidade forte, mas o mais honesto, sincero e direito que conheci. Tenho muito orgulho em ser sua filha.


CIDADÃO HONORÁRIO (E HONRADO) DE JOÃO MONLEVADE...

NÃO FUJAMOS A NOSSA PRÓPRIA NATUREZA




A Tartaruga e a Águia

A LENDA DA TARTARUGA E DA ÁGUIA

A tartaruga passava o tempo a lamentar-se por ser lenta e desajeitada. Como gostava de fazer comparações, adorava a beleza e a ligeireza com que se moviam as aves. Não se conformava com a sua sorte e chegava a ficar muito triste.
- Que chatice ter que me arrastar pelo solo, passo a passo e com esforço! Ah! Se eu pudesse voar, nem que fosse apenas uma vez! dizia ele, repetidamente, dia após dia.
Finalmente, num dia de outono, conseguiu convencer a águia a levá-la para um passeio pelas alturas. Suavemente e com grande majestade, a águia e a tartaruga elevaram-se no céu, naquela tarde. O animalzinho transbordava de felicidade, ao ver lá embaixo, tão longe, a terra e seus habitantes.
- Ah, que maravilha! Como estou feliz! Que inveja não devem sentir as outras tartarugas vendo-me voar tão alto! Realmente, sou uma tartaruga única! exclamava ela, com a voz tremida pela emoção.
Mas tanto se cansou a águia de ouvir seus vaidosos argumentos, que decidiu soltá-la. A orgulhosa tartaruga caiu como uma pedra, desde milhares de metros de altura, desfazendo-se em cacos ao chegar no chão.
Algumas tartarugas que viram que viram sua vizinha cair, exclamaram cheias de pena:
- Pobrezinha! Estava tão segura aqui em baixo, na terra, e teve que procurar as alturas para perder-se.

Dura lição para quem se empenha em ir contra sua própria natureza.





LENDA DA SERPENTE E O VAGALUME


Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vagalume.
Este fugia e com medo da predadora, nem pensava em parar por que senão seria o seu fim...
Um dia ... dois dias... três dias...
O vagalume nao aguentando mais, pará e pergunta para a serpente:
- Posso lkhe fazer 3 perguntas?
A cobra respondeu:
- Você vai morrer mesmo, vou abrir um precendente, pergunta:
- Pertenço a sua cadeia alimentar?
- Não!
- E já te fiz algum mal?
- Não.
- Por que você quer me comer?
- Porque não suporto vê você brilhar!...

"Pense nisto: selecione as pessoas em quem confiar"

terça-feira, 23 de março de 2010

SUA CASA É VIVA OU MORTA?



Casa que morei de 1992 a 2007 em Brumado, Bahia.


CASAS MORTAS, CASAS VIVAS


Sua casa é viva ou morta? A pergunta soa estranha, com certeza. E você logo responderá que casa é algo inanimado.

A casa é feita de pedras, tijolos, madeira, portanto, não tem vida.

Entretanto, casas existem que são mortas. Você as adentra e sente em todos os cômodos a inexistência de vida. Sim, dentro delas habitam pessoas, famílias inteiras.

Mas são aquelas casas em que quase tudo é proibido. Tudo tem que estar tão arrumado, ajeitado, sempre, que não se pode sentar no sofá porque se está arriscando sujar o revestimento novo e caro.

Casas em que o quarto das crianças é impecável. Todos os bichinhos de pelúcia, por ordem de cor e tamanho, repousam nas prateleiras.

Essas casas são frias. Pequenas ou imensas, carecem do calor da descontração, da luz da liberdade e da iluminada possibilidade de dentro delas se respirar, cantar, viver.

Por isso mesmo parecem mortas.

As casas vivas já demonstram, desde o jardim, que nelas existe vibração e alegria.

No gramado, a bola quieta fala da existência de muitos folguedos. A bicicleta, meio deitada, perto da garagem, diz que pernas infantis até há pouco a movimentaram com vigor.

Em todos os cômodos se reflete a vida. No sofá, um ursinho de pelúcia denuncia a presença de um pequenino irrequieto que carrega a sua preciosidade por todos os cantos.

Na saleta, livros, cadernos e lápis dizem dos estudos que se repetem durante horas. O dicionário aberto, um marcador de páginas assinalando uma mensagem preciosa falam de pesquisa e leitura atenciosa.

A cozinha exala a mensagem de que ali, a qualquer momento, pode chegar alguém e se servir de um copo d?água, um café, um pedaço de pão.

Os quartos traduzem a presença dos moradores. Cores alegres nas cortinas, janelas abertas para que o sol entre em abundância.

Os travesseiros um pouco desajeitados deixam notar que as crianças os jogam, vez ou outra, umas contra as outras, em alegres brincadeiras.

Enfim, as casas vivas são aquelas em que as pessoas podem viver com liberdade. O que não quer dizer com desordem.

As casas vivas são aquelas nas quais os seus moradores já descobriram que elas foram feitas para morar, mas sobretudo para se viver.

O desapego às coisas terrenas inicia nas pequeninas coisas. Se estabelecermos, em nosso lar, rígidas regras de comportamento para que tudo esteja sempre impecável, como se pessoas ali não vivessem, estamos demonstrando que o mais importante são as coisas, não as pessoas.

Manter o asseio, a ordem é correto. Escravizar-se a detalhes, temer por estragos significa exagerado apego a coisas que, em última análise, somente existem em função das pessoas.

Transforme sua casa, pequena, de madeira, uma mansão, num lugar agradável de retornar, de se viver, de se conviver com a família, os amigos, os amores.

Coloque sinais de vida em todos os aposentos. Disponha flores nas janelas para que quem passe, possa dizer: Esta é uma casa viva. É um lar.

VERA DA MATA
JANEIRO/2008
Texto escrito em 2010 por Vera da Mata



FOTO DO DIA DA FORMATURA DE FISIOTERAPÍA DE MINHA FILHA - AGOSTO/2009


MEU DIA É LOUCURA OU SANIDADE?

Queria, realmente, ter um dia para pegar um ônibus sem destino certo, sem relógio, "sem lenço e sem documento".
Neste dia eu faria de conta que, a tristeza,a dor, o ódio, a culpa ou o medo não existiriam em nenhuma forma de manifestação humana.
Neste dia queria somente ouvir a voz de DEUS e questionar as leis dos homens, para reconhecer as pessoas politicamente corretas, enxergar os trabalhadores, pai ou mãe exemplares, cidadão ou cidadã de ficha limpa, para dizer um basta, em alto e bom som às pessoas e situações que, por anos a fio, estão me cerceando neste país.
Queria não pensar nas contas no fim do mês e nem nos malabarismos que a gente faz para prover e pagar.



Queria há muito ter disposição para fazer algo só para mim, não faço nada que só para mim há muito tempo, não porque não queira, mas porque estou sempre muito preocupada com a familia e bem-estar deles.
Mas se eu fizer tudo isto, por certo vão me taxar de louca, mas antes que eu enlouqueça de vez, permita-me um dia de trégua.
Estou fechada para balanço, estou passando a minha vida à limpo. Quero jogar fora dos meus arquivos antigos e abrir os meus "armários internos", me esvazinado e querendo mudar de novo.

Afinal, estou louca ou nunca estive tão certa da minha sanidade?

PENSAMENTO DE UM SÁBIO:





MENSAGEM PARA VOCES...

COLOQUEM COMENTÁRIOS:


Certo homem procurou um sábio que vivia numa choupana à beira de um rio
e lhe disse:
"Mestre, tenho lido tantos textos sagrados e ouvido tantas palavras boas dos sábios, entretanto, depois de algum tempo os esqueço,
não me lembro mais deles.
De que adianta então ?
Como pode isso me ajudar a melhorar a minha vida?"

O sábio olhou para o homem e falou:
"Vê estes cestos sujos que estão ao lado da cabana?
Pega um deles e vai até o rio buscar água com ele."

O homem foi, encheu o cesto com água e voltou depressa à choupana.
Lá chegando, não havia mais água no cesto. Fazendo isto por três vezes, então o sábio disse ao homem:
"Está bem, não conseguiste trazer água, porque ela escorreu.
Mas olha para o cesto. Ele estava sujo e agora está limpo.
Assim são as boas palavras que lês e ouves.
Embora as esqueças, elas passaram pela tua mente,
limparam seu interior,transformando-te.

A MEDIDA QUE ENVELHEÇO MULHER





ENVELHECER MULHER não é fácil! Tenho minha mãe, quatro irmãs, quatro filhas, três netas, sete sobrinhas, uma nora... valorizo as mulheres que elas são, numa época em que a sociedade está se conscientizando que sem elas a vida não tem sentido e acaba.
Á medida que envelheço e convivo com outras mulheres, valorizo ainda mais o que NÓS SOMOS.
Como mulheres, gostamos de nos inovar, conversar, falar, pesquisar, observar, olhar sem dizer uma palavra, fazer, sentir, ser, sempre encontramos algo interessante para fazer.
Mas à medida que envelheço percebo que não me conheço o suficiente para saber quem sou de verdade. Às vezes me surpreendo e me assusto com o que sou.
Somos honradas. Somos sentimentais. Queremos amor e carinho. Queremos que olhem para nós.
Mas à medida que ganho experiência da vida percebo que os homens não se importam em nos sentir e nos ter de verdade ao seu lado.
Mas sou um pouco de tudo: mulher, enfermeira, professora, psicanalistas da familia, cozinheira...
Hoje, mais velha, sou direta, corajosa e honesta. Perdi o medo das consequências, porque sei que elas vêm e vão.
Mas...

Era noite na criação do universo.
Da treva surgiu a Lua
Da lua surgiu as sombras.
Da claridade surgiu o sol.
Do sol surgiu a cegueira.
Feminina é a lua!
Masculino é o sol!
Os dois podem se completar
Se um dia se encontrarem
Nem que seja eclipse da vida!.

A lua produz uma luz linda!
O sol produz luz extremamente necessária.
Precisamos da luz na escuridão da noite!
Mas durante o dia nos esquecemos da luz da lua.
Mas a mulher quando dá luz
Ela é portadora de Luz,
Carrega com firmeza,
o ser que vai embalar
os passos da vida!
Sua tocha da Luz.

Vera da Mata
VC, 26/09/2010

Uma viagem insquecível de fusca...

Texto escrito em 2004 por Vera da Mata





Vitória da Conquista, 22 de março de 2010.

Vou relatar-lhes uma história familiar divertida e engraçada, acontecida em dezembro de 1996.

A crise financeira do país ataca a todos sem distinção de classe, principalmente, nós que havíamos acabado de casar uma filha e gastado muito. A crise entrou em nossa casa sem pedir licença.
Eu e meu marido, na época, tínhamos uma Parati 1.8, o km, que nos dava um certo conforto como classe média, mas tivemos que vendê-la para improvisar a nossa vida num FUSCA 67. Imaginem??? Pai, mãe, 4 filhos ...
A diferença era grande, para não dizer enorme. Morávamos em Brumado, Bahia, numa Vila da empresa Magnesita com todo o conforto possível e um dia resolvemos visitar a minha filha mais velha, que acabara de casar e morava em Vitória da Conquista, a 130 km de distância. Corajosamente fomos visitá-la de FUSCA AZUL.
SAIMOS NA SEXTA-FEIRA PARA PASSARMOS O FIM DE SEMANA EM FAMÍLIA.
Éramos 5 pessoas e bagagem básica, eu, meu marido, Denise, Vilma e Marcelo, meu filho caçula.
Parecíamos a "família Pinto" de um seriado antigo da Rede Globo, lembram-se? Tivemos uma final de semana ótimo, muito agradável! "Entre amor, tapas e beijos... todos se salvaram" ... kkkkk
Chegou o momento fatídico, voltar para casa.
Entramos novamente no fusca na esperança de, pelo menos, chegarmos inteiros. Eram 17 horas e verão. A viagem transcorria normalmente, estávamos no km 45, mais ou menos, quando o fusca deu um profundo suspiro, ratiou, gemeu e parou... parecia morto, nenhum sinal de vida. De repente... fumaça... minha filha gritou: "esta pegando fogo". Olhamos e começava a sair fumaça debaixo do banco traseiro.
Meu marido, rapidamente, mandou que saíssemos do carro, porque não sabíamos o que poderia acontecer. Achávamos que o fusca ia explodir de vez. Agora tudo estava perfeito, todo o dinheiro que tínhamos havia gastado no final de semana e colocado gasolina naquele "carrão" kkkkkk> Tínhamos 10,00 e um carro abarrotado de bagagem ... e para piorar, meu filho caçula, então com 12 anos, dizia que estava morrendo de fome.
Meu marido ficou nervoso ao extremo. Para amenizar a situação comecei a levar tudo na brincadeira. A única solução seria irmos embora de carona, pois éramaos 5 e o dinheiro não dava para pagar o ônibus. Mas meu marido queria que pegássemos um taxi para pagar na cidade, mas nós insistimos que íriamos de carona.
Enquanto estávamos na beira do asfalto para decidirmos o que fazer, passou uma "belina" com dois senhores e parou perguntando se precísavamos de alguma coisa. Meu marido pediu para nos levar até um posto de gasolina mais próximo, pois ali estava perigoso. Mas o carro estava super cheio de "coisas", o motorista, muito gentil e prestativo, foi até o posto, deixou a bagagem dele e voltou para nos buscar.
Chegando no tal posto de gasolina, cheio de homem, pois estava passando futebol na TV, meu marido ficou mais nervoso ainda. Para acalmá-lo fomos para a beira do asfalto tentar algum carro para Brumado. Eu e minhas filhas brincávamos com a situação que estava muito divertida. Ríamos e fazíamos piadas o tempo todo, o que o irritava ainda mais. Combinamos um plano: uma batia a mão, a outra mostrava o rosto e a outra botava a perna na frente...brincadeira... kkkkkkkkk
Meu marido irritado dizia: deste jeito voces estão parecendo "mulheres de rua".
Que nada, respondia eu. E para provocá-lo, eu rodava a bolsa e batia a mão. Não é que parou um caminhão!
O motorista achava que era só eu e elas, mas eu chamei meu marido e meu filho, quando ele disse que na cabine só dava para três pessoas. Então, minhas filhas e meu filho subiram para a carroceria. Quando contamos o que havia acontecido ele disse que nos levaria somente a Anagé... que ficavba a 30 km dali, porque ele iria para a fazenda onde trabalhava.
A carroceria do caminhão estava cheio de esterco de gado, quando o caminhão arrancou, elas cairam em cima e ficaram cheirando a "esterco". Elas foram cantando e se divertram muito com aquela viagem maluca.
Chegando na cidade, o motorista parou e nós descemos. Eu cochichei no ouvido do meu marido que perguntasse quanto era... só por obrigação. O motorista disse: " dá uma cervejinha aí, amigo!". Eu preocupada, porque só tínhamos 10,00, disse para o meu marido:"pedi ele 5,00 de troco, porque só temos este dinheiro..."
O motorista com dó da gente, olhou, olhou, pensou e disse: "deixa pra lá, companheiro"... agradecemos e ele seguiu a viagem.
Todos com fome e com as meninas sujas de esterco, fomos, novamente, pedir carona.
Só que desta vez demos sorte, pois encontramos no posto um amigo que nos levou para casa.
Meu marido vermelho de raiva e de vergonha e nós alegres com a aventura.
Fomos na cabine da camionete, enquanto eles foram de novo na carroceria, mas que desta vez olhando as estrelas e cantando.
Resultado: chegamos em casa às 23,30. Numa vigame que levaríamos 2 horas, levamos 6 horas e meia, é mole?
Meu marido foi motivo de piada pelo menos por um mês!

NESTA VIDA "É PRECISO SABER VIVER" E RIR DOS PRÓPRIOS MICOS.