terça-feira, 23 de março de 2010

Uma viagem insquecível de fusca...

Texto escrito em 2004 por Vera da Mata





Vitória da Conquista, 22 de março de 2010.

Vou relatar-lhes uma história familiar divertida e engraçada, acontecida em dezembro de 1996.

A crise financeira do país ataca a todos sem distinção de classe, principalmente, nós que havíamos acabado de casar uma filha e gastado muito. A crise entrou em nossa casa sem pedir licença.
Eu e meu marido, na época, tínhamos uma Parati 1.8, o km, que nos dava um certo conforto como classe média, mas tivemos que vendê-la para improvisar a nossa vida num FUSCA 67. Imaginem??? Pai, mãe, 4 filhos ...
A diferença era grande, para não dizer enorme. Morávamos em Brumado, Bahia, numa Vila da empresa Magnesita com todo o conforto possível e um dia resolvemos visitar a minha filha mais velha, que acabara de casar e morava em Vitória da Conquista, a 130 km de distância. Corajosamente fomos visitá-la de FUSCA AZUL.
SAIMOS NA SEXTA-FEIRA PARA PASSARMOS O FIM DE SEMANA EM FAMÍLIA.
Éramos 5 pessoas e bagagem básica, eu, meu marido, Denise, Vilma e Marcelo, meu filho caçula.
Parecíamos a "família Pinto" de um seriado antigo da Rede Globo, lembram-se? Tivemos uma final de semana ótimo, muito agradável! "Entre amor, tapas e beijos... todos se salvaram" ... kkkkk
Chegou o momento fatídico, voltar para casa.
Entramos novamente no fusca na esperança de, pelo menos, chegarmos inteiros. Eram 17 horas e verão. A viagem transcorria normalmente, estávamos no km 45, mais ou menos, quando o fusca deu um profundo suspiro, ratiou, gemeu e parou... parecia morto, nenhum sinal de vida. De repente... fumaça... minha filha gritou: "esta pegando fogo". Olhamos e começava a sair fumaça debaixo do banco traseiro.
Meu marido, rapidamente, mandou que saíssemos do carro, porque não sabíamos o que poderia acontecer. Achávamos que o fusca ia explodir de vez. Agora tudo estava perfeito, todo o dinheiro que tínhamos havia gastado no final de semana e colocado gasolina naquele "carrão" kkkkkk> Tínhamos 10,00 e um carro abarrotado de bagagem ... e para piorar, meu filho caçula, então com 12 anos, dizia que estava morrendo de fome.
Meu marido ficou nervoso ao extremo. Para amenizar a situação comecei a levar tudo na brincadeira. A única solução seria irmos embora de carona, pois éramaos 5 e o dinheiro não dava para pagar o ônibus. Mas meu marido queria que pegássemos um taxi para pagar na cidade, mas nós insistimos que íriamos de carona.
Enquanto estávamos na beira do asfalto para decidirmos o que fazer, passou uma "belina" com dois senhores e parou perguntando se precísavamos de alguma coisa. Meu marido pediu para nos levar até um posto de gasolina mais próximo, pois ali estava perigoso. Mas o carro estava super cheio de "coisas", o motorista, muito gentil e prestativo, foi até o posto, deixou a bagagem dele e voltou para nos buscar.
Chegando no tal posto de gasolina, cheio de homem, pois estava passando futebol na TV, meu marido ficou mais nervoso ainda. Para acalmá-lo fomos para a beira do asfalto tentar algum carro para Brumado. Eu e minhas filhas brincávamos com a situação que estava muito divertida. Ríamos e fazíamos piadas o tempo todo, o que o irritava ainda mais. Combinamos um plano: uma batia a mão, a outra mostrava o rosto e a outra botava a perna na frente...brincadeira... kkkkkkkkk
Meu marido irritado dizia: deste jeito voces estão parecendo "mulheres de rua".
Que nada, respondia eu. E para provocá-lo, eu rodava a bolsa e batia a mão. Não é que parou um caminhão!
O motorista achava que era só eu e elas, mas eu chamei meu marido e meu filho, quando ele disse que na cabine só dava para três pessoas. Então, minhas filhas e meu filho subiram para a carroceria. Quando contamos o que havia acontecido ele disse que nos levaria somente a Anagé... que ficavba a 30 km dali, porque ele iria para a fazenda onde trabalhava.
A carroceria do caminhão estava cheio de esterco de gado, quando o caminhão arrancou, elas cairam em cima e ficaram cheirando a "esterco". Elas foram cantando e se divertram muito com aquela viagem maluca.
Chegando na cidade, o motorista parou e nós descemos. Eu cochichei no ouvido do meu marido que perguntasse quanto era... só por obrigação. O motorista disse: " dá uma cervejinha aí, amigo!". Eu preocupada, porque só tínhamos 10,00, disse para o meu marido:"pedi ele 5,00 de troco, porque só temos este dinheiro..."
O motorista com dó da gente, olhou, olhou, pensou e disse: "deixa pra lá, companheiro"... agradecemos e ele seguiu a viagem.
Todos com fome e com as meninas sujas de esterco, fomos, novamente, pedir carona.
Só que desta vez demos sorte, pois encontramos no posto um amigo que nos levou para casa.
Meu marido vermelho de raiva e de vergonha e nós alegres com a aventura.
Fomos na cabine da camionete, enquanto eles foram de novo na carroceria, mas que desta vez olhando as estrelas e cantando.
Resultado: chegamos em casa às 23,30. Numa vigame que levaríamos 2 horas, levamos 6 horas e meia, é mole?
Meu marido foi motivo de piada pelo menos por um mês!

NESTA VIDA "É PRECISO SABER VIVER" E RIR DOS PRÓPRIOS MICOS.

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