quinta-feira, 14 de abril de 2011

ONTEM E HOJE





A globalização nestes dias tem criado novos hábitos de vida e mudado muitos paradigmas que tem mexido com a cultura de todos. Observa-se que com o passar dos anos vão surgindo cada vez mais “tecnologias” que nos faz cada vez mais distintos, individualistas e egoistas.

Mas ao remexer as gavetas de minha memória numa conversa com um aluno, lembrei-me de uma história que contava minha avó sobre o meu avô João Raimundo da Mata. Quem o conheceu sabe que era um homem simples, magro, humilde até a ponta do cabelo. Meu avô antes de ser tropeiro, era meieiro em Nova Era, mas é sobre sua primeira fase de vida que vou falar.

Sabemos que durante todo o período do Brasil Colônia, o tropeiro era uma figura fácil de se encontrar no país. Eram como se fosse os “caminhoneiros” hoje. Eles atuavam por todo o território antes do trem-de-ferro, dos caminhões. Todo o comércio de mercadorias era feito por eles, quando não havia nenhuma alternativa de transporte, fosse por navegação marítima ou fluvial. Dormiam ao relento, no chão nu. Comiam feijão, com torresmo, frutas que encontravam pelo caminho. Ficavam sujeitos á doenças, chuva, picada de insetos, ataques de animais ferozes ou de bandidos e/ou saudade da família que matava aos poucos.

Nas regiões do interior do Brasil, as mulas eram “os motores das carretas” de hoje. Eram as únicas que conseguiam andar por muito tempo carregando peso. Em Minas Gerais, por exemplo, elas eram usadas nas lavras de ouro, de pedras preciosas e no comércio de escravos, alimentos e ferramentas para a população dos arraiais interioranos.

O tropeiro era fundamental para a propagação do comércio e cultura do interior. Não eram comerciantes especializados, mas compravam e vendiam de tudo e foram um elemento importante no ir-e-vir pelos caminhos e estradas do sertão e caatinga.

Minha avó contava que meu avô tinha uma tropa, ou melhor ele fazia parte de uma tropa que percorria a região de Itabira, Nova Era, Monlevade, São Gonçalo do Rio Abaixo e região transportando e comercializando carvão, entre outras coisas. Sofriam todas as intepéries do tempo e da época para trabalhar e ganhar dinheiro. E foi numa destas andanças de tropa que ele a conheceu em “Bateias”, distrito de Itabira. Ele viúvo com um filho chamado Sebastião Raimundo da Mata, ela moça de 30 anos, solteira e sozinha. Tiveram 4 filhos, entre eles o meu pai Armindo.

Não conheci o meu avô, mas sei que foi um grande homem. Todas as informações que tenho a seu respeito me foram dadas por dona Jovem, minha avó, linda a amada. Sei que a vida deles não foi fácil. Foi dificil e dura, mas sei que ele foi um elemento importante na construção deste país como o vemos hoje em dia.

Vera da Mata

VC, 8/04/2011



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.