quarta-feira, 18 de maio de 2011

ESCRAVIDÃO: ontem e hoje




O fim oficial da escravatura aconteceu há exatos 123 anos. Se pensarmos na rapidez do tempo, percebemos que foi há pouco tempo. O dia 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, os negros foram libertados e em seguida abandonados.
Eles foram trazidos ao Brasil pelos colonizadores portugueses para movimentar a economia colonial brasileira, principalmente, a açucareira, mas passaram por maus momentos.
Ao serem tirados de sua terra natal, acabaram ursupados, maltratados, feridos no corpo e na alma.  Eram transportados pelos navios negreiros em porões sujos e sem ventilação. Viam amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Castro Alves, o poeta dos escravos, descreveu bem essas condições quando disse:  “era dantesco o tombadilho do navio”.
Os escravizados, quando aqui chegavam eram vendidos como animais. Em terra firme trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente. Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais. Tinham que seguir a religião católica, imposta e adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta própria: a capoeira..
As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, eram estupradas, usadas pelos seus  senhores, que utilizavam sua mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos, como: cozinheiras, arrumadeiras, parideiras e até mesmo amas de leite para os filhos da  elite colonial.
Mas o negro não aceitou passivamente a escravidão, reagiu, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
No entanto a partir da metade do século XIX, a escravidão no Brasil passou a ser contestada por alguns países europeus e o Brasil se viu obrigado a criar leis que começassem a libertar os negros.
Em 1850 surgiu a primeira lei em favor deles:  a Lei Eusébio de Queiróz, que acabou com o tráfico negreiro, em 1871 a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Somente no final do século XIX que a abolição realmente acabou.
Entretanto se a lei veio para libertá-los juridicamente, as dificuldades ainda estavam por vir. Sem moradia, condições econômicas e assistência do Estado, muitos negros passaram por “muitas” dificuldades após a liberdade. Muitos não conseguiam empregos, sofriam preconceito e discriminação racial. A grande maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos informais e temporários.
E ainda hoje eles enchem as favelas sem condições dignas de vida, com salários baixos, sem educação, com escola ruim e sem saúde. O governo brasileiro nunca teve planos ou projetos para ampará-los. Os negros deveriam ter sido ressarcidos de sua miséria e sua dor, mas ao invés disto são escravizados nas fazendas do interior do país. Mas a escravidão de hoje tem um variado tons de pele, todos descendentes daqueles escravos.
Assim essa ideia de “posse” escravagistas não existem mais, mas existe a escravidão moderna, chamada de ‘trabalho análogo ao escravo”, que não tem garantidos os direitos de trabalhador, os maus patrões inventam maneiras de o empregado não conseguir sair do “emprego”, com salários irrisórios, de fome.

Até quando isso irá acontecer?

Vera da Mata

VC, 18 de maio de 2011.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.