Texto escrito em 2001 por Vera da Mata
Essa história se passa em 1989 na cidade de João Monlevade, MG, quando minhas filhas mais velhas estavam com 16 e 15 anos, Elaine e Andréia, respectivamente.
Era uma sexta-feira, dia de faxina na minha casa. Minha faxineira havia me dado o “bolo”, então coloquei minhas filhas para me ajudar. Enquanto Andréia me ajudava dentro de casa, Elaine, lavava as varandas e as enceravam.
Elaine, sempre moleca e bricalhona, colocou um lenço na cabeça e um avental e se fazia passar pela empregada. Andréia, para provocá-la, de vez em quando, chegava na janela e a chamava de “Cida” e dizia: “ ... faz o seu trabalho direito, senão vou mandar a minha mãe te mandar embora!...”.
Nesse meio tempo, chegou no portão de nossa casa um mendigo, querendo dinheiro e água. Andréia chega novamente na janela e diz: “vamos logo, sua lerda!” que vou mandar mamãe te mandar embora, pro olho da rua!”...
O mendigo observava calado, quando Andréia saiu da janela, Elaine querendo fazer mais molecagem, disse para o mendigo:
- Tá vendo, moço! Pobre sofre neste mundo! Viu a patroinha me humilhar?
Ele a olhou com uma cara de pena e respondeu:
- É moça! ... ôcê é tão bunita! Cê num pricisa passar por isso não! Nois é pobre, mas nois se ajuda! Vamo fugi e sê feliz! ... Vamo vivê de amô ... uma moça linda assim não pricisa disso... não merece sê humilhada!...
Morrendo de vontade de rir em gargalhadas, ela respondeu:
_ Num carece não! Brigada, moço! Mas já to acostumada a sofrer. Minha vida sempre foi assim mesmo... já estou acostumada.
Cheguei com um trocado para ele, como eu fiquei lá fora, o mendigo acabou indo embora. Elaine chamou Andréia e nos contou o que havia acontecido e caímos todas em gargalhadas. Mas Elaine prometeu se vingar de Andréia.
Nesse mesmo dia, depois do almoço, chegou na nossa casa, Débora, de Belo Horizonte, prima e da mesma idade, resolveram ir ao clube, porque fazia muito calor e elas haviam trabalhado muito. Lá foram elas para o clube.
Elaine se aliou a Débora no clube, deixando Andréia sempre de fora, de vez em quando falava alguma coisa para irritá-la, quando resolveram ir embora, foram para o ponto de ônibus. Andréia na frente, danada da vida e Elaine e Débora atrás provocando-a.
Chegando no ponto, ficaram longe uma da outra, como se não conhecessem. Uma senhora chegou perto de Elaine e perguntou as horas. Ela para sacanear Andréia, disse:
_ Vou perguntar aquela menina ali para a senhora! (...) Oh! Moça”! quantas horas são?
Andréia nervosa com as provocações, não agüentando mais, já nervosa e com raiva,disse:
- “Não enche o saco não, vai embora, não vou dizer não! Não olhe na minha cara! Saí daqui!”
Elaine para deixá-la ainda mais envergonhada, voltou com cara de vítima, olhou para a mulher e falou:
- Tá vendo dona!...como estes jovens de hoje em dia são mal educados! Só porque perguntei as horas, ela fez esta grosseria. Essa menina nem me conhece!...
A mulher indignada, olhou para Andréia com olhar de reprovação e disse:
- Sua mãe não te dá educação, menina!? Custa responder alguma coisa que alguém te pergunta? Custa falar direito?
Andréia vermelha de vergonha e raiva, porque ela era muito timida, entrou rapidamente no ônibus que acabara de chegar... Enquanto isso, Elaine e Débora explodiam em risadas, e Andréia chorava de raiva... Mas Elaine estava vingada...
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